Em recente trabalho ("Cidadãos em um mundo interconectado e policêntrico"), produzido pelo Institute for Security Studies (ISS) da União Europeia, constatam-se interessantes cenários para 2030.
Diferentemente da ficção, é possível verificar que, seguindo as atuais taxas de crescimento, a população mundial atingirá 8,3 bilhões de pessoas e surpreendentes dados: 50% habitarão a Ásia; 90% estarão alfabetizados; 59% integrarão a classe média; e 50% terão acesso à internet. Esse boom demográfico, mais do que desavenças políticas, será o principal agente de instabilidade, especialmente no que se refere a recursos naturais e energéticos.
O Brasil ocupará uma posição mais confortável devido à abundância de água e terras. Porém, outros fatores que atualmente atrapalham o desenvolvimento nacional terão impacto redobrado em 2030, dos quais se destacam a corrupção e a baixa qualidade da educação. Em relação às políticas educacionais, apesar de alguns esforços e parcerias público-privadas bem-sucedidas, estamos bem longe de poder olhar essa evolução com otimismo. Nada comparável aos resultados obtidos principalmente pelos países asiáticos. No que diz respeito à corrupção, será necessário grande esforço cultural e educacional para mudar.
Estão aí casos de estádios de futebol recém-construídos e interditados por graves falhas estruturais como o Engenhão no Rio de Janeiro; de profissionais que cinematograficamente encontram meios de burlar sistemas para benefício de poucos com dedos de silicone para registro de funcionários fantasmas; de baixíssimos índices de reprovação em avaliações reconhecidas como o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, que considerou 89,7% dos bacharéis formados em Direito inadequados à atuação profissional - sem mencionar a penúltima posição ocupada pelo país no ranking Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais, elaborado pela Pearson International sobre os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), que comparou habilidades cognitivas e nível de escolaridade de alunos do 5º e do 9º anos do ensino fundamental de 40 países.
Não nos diferenciamos do resto do mundo quanto à pressão sobre os governos para responder demandas sociais, a incompetência, inércia ou até impossibilidade de resolvê-los.
Hoje os brasileiros têm a clara percepção de que o Estado não lhes dá o retorno de bens e serviços compatíveis com os impostos e taxas que pagam. Convém não nos acomodarmos.
A noção de que os Brics puxarão a economia do mundo pode não se sustentar em 2030: novos países estão despontando: Indonésia, Turquia e até mesmo o México, desde que supere o problema de segurança interna e dos narcotraficantes.
Convém repensarmos o Brasil do presente e agirmos para a conquista do bem-estar e desenvolvimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário