Engarrafado dia destes na pista lateral da Avenida Brasil, sentido Centro, em frente à Fiocruz, prestei atenção numa cena banal: um monte de gente subindo e descendo a passarela de número 6, para cruzar a Avenida Brasil. Entre centenas de pessoas havia um casal idoso, cheio de embrulhos, que ia bem devagar, sob um sol de lascar, num esforço fenomenal para conseguir chegar ao alto da passarela. Por razões óbvias, quem deveria passar por cima ou por sob a pista seria o carro, não o pedestre. Mas o óbvio nem sempre fez parte do planejamento urbano do Rio - e das demais cidades brasileiras - especialmente a partir do chamado "Rodoviarismo", movimento que rasgou cidades já consolidadas do mundo inteiro para abrir espaço ao automóvel. Em muitos países, porém, houve a preocupação de se preservar os direitos do pedestre.
Nas cidades americanas, por exemplo, quando não há pontes ou túneis para que o plano da calçada seja garantido ao transeunte, são instaladas passarelas com escadas rolantes e esteiras, que atenuam o esforço - o sobe e desce do cidadão - para atravessar uma rua. Aqui, no entanto, o Rodoviarismo foi devastador. O automóvel reinou absoluto: calçadas foram griladas e passarelas interpostas em ruas e avenidas, algumas bem íngremes e de dimensões olímpicas como estas da Avenida Brasil. Ao mesmo tempo, sinais foram ajustados para o fluxo do trânsito. Sobrou para o pedestre. Garfaram o cidadão.
Em Copacabana, por exemplo, bairro notadamente de população idosa, chega a ser cruel o tempo oferecido para os moradores atravessarem as principais vias. Quem arvora-se em driblar o esforço que é subir uma passarela e atravessar a rua no plano horizontal é tachado de louco, de suicida! E quem não consegue atravessar a Rua Barata Ribeiro no curtíssimo tempo oferecido pelo sinal é xingado pelos motoristas. Uma absurda inversão de princípios básicos da cidadania. Difícil atribuir toda a responsabilidade ao automóvel pela desumanização do espaço público. De um lado da rua, há décadas de insensibilidade do gestor público e, do outro, a passividade do cidadão, certo de que a prioridade na cidade é o trânsito de veículos, não o de pedestres. Ninguém chia. No entanto, há em curso neste momento no Rio uma louvável tentativa de se domar o trânsito: ônibus para um lado, em faixa exclusiva, carro para o outro, e ciclofaixas que, aliás, não representam garantia plena de segurança à turma da bicicleta.
Faz parte deste processo a reconfiguração de importantes espaços na área central do Rio; vão ser redesenhados como áreas de pedestres. É um bom momento para se colocar o pedestre na discussão e ressarci-lo, ao menos em parte, do que lhe foi garfado: instalar escadas rolantes nas passarelas, se não for possível levantar as pistas, e oferecer mais tempo nos sinais de trânsito para que possa exercer o direito básico de ir e vir de um lado ao outro da rua, literalmente sem atropelos.
Nas cidades americanas, por exemplo, quando não há pontes ou túneis para que o plano da calçada seja garantido ao transeunte, são instaladas passarelas com escadas rolantes e esteiras, que atenuam o esforço - o sobe e desce do cidadão - para atravessar uma rua. Aqui, no entanto, o Rodoviarismo foi devastador. O automóvel reinou absoluto: calçadas foram griladas e passarelas interpostas em ruas e avenidas, algumas bem íngremes e de dimensões olímpicas como estas da Avenida Brasil. Ao mesmo tempo, sinais foram ajustados para o fluxo do trânsito. Sobrou para o pedestre. Garfaram o cidadão.
Em Copacabana, por exemplo, bairro notadamente de população idosa, chega a ser cruel o tempo oferecido para os moradores atravessarem as principais vias. Quem arvora-se em driblar o esforço que é subir uma passarela e atravessar a rua no plano horizontal é tachado de louco, de suicida! E quem não consegue atravessar a Rua Barata Ribeiro no curtíssimo tempo oferecido pelo sinal é xingado pelos motoristas. Uma absurda inversão de princípios básicos da cidadania. Difícil atribuir toda a responsabilidade ao automóvel pela desumanização do espaço público. De um lado da rua, há décadas de insensibilidade do gestor público e, do outro, a passividade do cidadão, certo de que a prioridade na cidade é o trânsito de veículos, não o de pedestres. Ninguém chia. No entanto, há em curso neste momento no Rio uma louvável tentativa de se domar o trânsito: ônibus para um lado, em faixa exclusiva, carro para o outro, e ciclofaixas que, aliás, não representam garantia plena de segurança à turma da bicicleta.
Faz parte deste processo a reconfiguração de importantes espaços na área central do Rio; vão ser redesenhados como áreas de pedestres. É um bom momento para se colocar o pedestre na discussão e ressarci-lo, ao menos em parte, do que lhe foi garfado: instalar escadas rolantes nas passarelas, se não for possível levantar as pistas, e oferecer mais tempo nos sinais de trânsito para que possa exercer o direito básico de ir e vir de um lado ao outro da rua, literalmente sem atropelos.
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