FOLHA DE SP - 11/10
O prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes, em entrevista ao repórter Italo Nogueira, definiu política como não sendo um "ambiente de pureza".
Como sub-relator da CPI que investigou o caso, Paes chamou o então presidente Lula de "chefe de quadrilha". Hoje, diz que "não há dúvida de que houve o mensalão", mas que "não se encontrou prova contra Lula".
Não é à toa. Paes (PMDB) deve muito da sua reeleição ao governo federal. Em seu primeiro ato após ser eleito, foi agradecer a Lula e Dilma, que irrigaram a cidade com bilhões em verbas. Ofereceu-se até para ajudar na eleição em SP, onde é questão de honra para o PT derrotar o PSDB.
A afirmação da falta de pureza na política --ao responder sobre acusação de ter prometido R$ 1 milhão pelo apoio do PTN-- soa também uma provocação ao adversário Marcelo Freixo (PSOL). Ele foi tido como ingênuo, por exemplo, ao refutar alianças e não aceitar dinheiro de grandes empresas no financiamento da campanha. De certa forma, deu certo.
Com um minuto na TV e pouco dinheiro gasto, conquistou quase 30% dos votos, tendo discurso e postura semelhantes ao PT da origem. Levou gente às ruas gritando "Não recebo um real, estou na rua por um ideal".
O PT mudou o discurso e chegou ao poder. Cresceu, ficou mais pragmático, fez alianças e ficou parecido com outros partidos. A condenação no STF de importantes lideranças o marcará indelevelmente e com efeitos duradouros sobre a militância.
Certamente aumentou o desencanto dos jovens com a política, cada vez mais temperada pelo pragmatismo interessado da nova geração de políticos. A utopia resiste nos que saem às ruas e estão nas redes, acreditando que ética na política é possível. Serão puros ou ingênuos?
Nenhum comentário:
Postar um comentário