FOLHA DE SP - 25/10
Temas como pedágio urbano, ampliação da área do rodízio e restrição à circulação de motos em certas vias não foram nem mesmo discutidos, embora, a médio prazo, medidas desse gênero terão de ser adotadas para atenuar o trânsito caótico e favorecer o transporte público.
Outro ponto que mereceria consideração por parte dos candidatos é o absurdo direito de as construtoras erguerem grandes empreendimentos em qualquer lugar, sem que a prefeitura possa vetá-los se considerar que os seus endereços não têm condições de receber mais automóveis.
Hoje, se estiver de acordo com a lei de zoneamento e os limites de construção, qualquer projeto está liberado. O departamento de trânsito pode, no máximo, exigir medidas mitigadoras -implantação de sinalização, alargamento de via etc. Proibir, como em vários países, jamais.
O caso da Paulista é emblemático. A avenida recebe no pico cerca de 6.900 veículos por hora. A partir de 2015, com a abertura de uma torre comercial e um shopping no antigo terreno dos Matarazzo, atrairá outros 1.090 por hora -15,8% a mais. Ou seja, o trânsito exasperante ficará pior.
E a Paulista é só um exemplo. Desde 2005, 677 projetos de polos geradores de tráfego, como são chamados os empreendimentos com grande afluxo de pessoas, foram aprovados. Em nenhum caso, o trânsito foi obstáculo para o endereço.
Medidas como essas não vão transformar o trânsito de São Paulo num passeio tranquilo e ligeiro -não há solução para um lugar que tem 7,3 milhões de veículos e que licencia 500 novos por dia. Mas, se nada disso for feito, a situação só vai piorar.
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