CORREIO BRAZILIENSE - 03/10
É melhor a presidente Dilma Rousseff se preparar: bastou ela pisar no palanque de Fernando Haddad na última segunda-feira para que os petistas fizessem aquela cara de “eu também quero”. Isso significa que, no calor da disputa dessa reta final de campanha, muitos não descartam debitar eventuais fracassos na conta da presidente. País afora, petistas se dedicam à seguinte análise: O PRB do candidato paulistano Celso Russomano e o PMDB de Gabriel Chalita são tão aliados de Dilma Rousseff quanto o PSB ou os demais partidos da base. Por que o PT paulistano teve o privilégio de receber a presidente no palanque e os petistas de outros estados não tiveram o mesmo empurrãozinho?
Ok, ela se prepara para desembarcar hoje em Belo Horizonte, para dar uma força à campanha da chapa que ajudou a compor. A presidente vai a BH porque, se não fosse, qualquer derrota seria atribuída ao abandono do candidato por parte do Planalto. Se ela comparecer e, ainda assim, Patrus perder — como apontam as pesquisas —, ela não escapará de ouvir que se jogou na campanha tarde demais. E, se Patrus vencer, hipótese pouco provável hoje, os petistas ensaiam dizer que venceram sozinhos.
Em outras capitais, o sentimento não é muito diferente. O senador Humberto Costa (PT-PE), lançado candidato a prefeito de Recife por obra e graça do diretório nacional de seu partido, não obteve o apoio prometido pela cúpula. Em nome da parceria com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, Humberto foi praticamente abandonado. Em Fortaleza, Elmano de Freitas, do PT, candidato escolhido pela atual prefeita, Luzianne Lins, considera que não deve nada a Dilma e nem a Lula. Sua ascensão nas pesquisas é atribuída apenas aos petistas cearenses, e não ao empurrão do governo federal ou da cúpula do PT.
Enquanto isso, no Planalto…
Para tentar arrefecer esse sentimento dentro do PT, Dilma não descarta participar do segundo turno. Dentro do governo, há quem diga que a estratégia de manter a presidente afastada deste primeiro turno se deveu a dois fatores que descrevemos aqui há alguns dias. Dilma é uma peça muito importante para ser exposta e ficar sujeita a chuvas e trovoadas no momento em que o PT é alvejado com o julgamento do mensalão. Além disso, prevaleceu a ideia de que ela ajuda mais trabalhando, cuidando das questões econômicas e do dia a dia da administração pública do que largando tudo para se dedicar à campanha. Afinal, é melhor deixá-la inteira e com crédito entre os aliados para a campanha de 2014 do que arriscar esse capital político na eleição municipal.
O problema é que usar a figura da presidente apenas em São Paulo e Belo Horizonte, dispensando os demais, criou duas categorias de petistas: aqueles a quem Dilma atende e aqueles que ela dispensa. E essa não é considerada uma boa política. Daí, as expectativas de maior participação no segundo turno. Especialmente, em Salvador, onde o candidato Nelson Pelegrino concorre contra ACM Neto, do DEM.
Por falar em segundo turno…
Mantido o clima dos últimos dias, o segundo turno será quente nas capitais mais importantes. Em São Paulo, Celso Russomano, do PRB, parte para ataques a Fernando Haddad, tentando associar o petista ao julgamento do mensalão. Em Recife, Humberto Costa acusa o governador Eduardo Campos (PSB) de usar recursos públicos na campanha. Em Parauapebas (PA), a Justiça Eleitoral apreendeu R$ 4 milhões dentro de um avião. Ou seja, essas últimas 48 horas do primeiro turno podem ser vistas como a hora da verdade e do vale-tudo eleitoral.
Como dizem alguns políticos, essa reta final é o momento em que os candidatos tiram as máscaras e colocam sobre a mesa todas as armas de que dispõem. Nesse sentido, entram em cena o julgamento do mensalão, denúncias de desvio de dinheiro, caixa dois e por aí vai. Nesse embalo, as últimas 48 horas antes do primeiro turno podem ser vistas como o momento da verdade e do vale-tudo eleitoral. E certamente terá mais no segundo turno. Vamos acompanhar.
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