FOLHA DE SP - 03/09
Num ofício talhado para perceber no nascedouro a novidade -aquilo que se desvia da regra e a renega-, eis um perigo importante. E eis-me aqui, pego na arapuca.
Há 14 dias, delineei nesta coluna um quadro difícil para o candidato Celso Russomanno, do PRB, na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Tão logo começasse a propaganda obrigatória, dizia, as duas chapas com mais tradição, recursos e exposição no rádio e na TV, a do PSDB e a do PT, mostrariam suas garras.
Russomanno era como o mirrado Davi, mas sem a proteção divina, a digladiar-se com dois parrudos Golias. Passaram-se dez dias de propaganda, e Davi acertou uma pedrada na minha testa. Suportou o raide inicial na primeira colocação das pesquisas, mantendo o cacife em torno de 30% das intenções de voto.
Parte daquela evolução esperada se confirmou: Haddad, do PT, subiu depressa, isolou-se na terceira posição e parece fadado a crescer mais. Mas tanto a resistência de Russomanno como a desidratação de Serra, do PSDB, foram surpreendentes.
Uma dupla novidade, essa matéria-prima do jornalismo, se insinua. Em primeiro lugar, o efeito contrário ao habitual da propaganda televisiva para Serra. Caiu justamente quando mais se expôs.
Em segundo lugar, a persistência, ao menos momentânea, de uma candidatura popular-conservadora, a de Russomanno. Essa plataforma, antes identificada com o malufismo, submergiu e perdeu base social durante a década passada. Terá força suficiente para lapidar, de uma só vez, os dois gigantes do pedaço?
Se a cabeça não estivesse doendo tanto, arriscaria responder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário