O GLOBO - 01/09
O Brasil encontra-se em um momento crítico da sua trajetória. Por um lado, várias boas notícias. Somos uma potência em desenvolvimento com características que nos tornam, segundo alguns analistas, a opção mais confiável mesmo entre os Brics. Por outro lado, ainda mantemos algumas características que nos vinculam a um passado arcaico, comprometendo diretamente a competitividade de nossos produtos e serviços.
Em apenas dois anos, caímos oito posições no ranking de competitividade global, indo da 38ª para a 46ª colocação. As principais causas para esse anacronismo são a educação e o desenvolvimento do nosso povo.
Milhões de jovens ingressam em um mercado de trabalho cada vez mais representativo no cenário internacional. Entretanto, encontrar pessoas com as competências requeridas vem sendo um grande desafio para as organizações. Em uma pesquisa que envolveu quase 40 mil empresas em 39 países, foi constatado que um em cada três empregadores encontra dificuldades no preenchimento de cargos. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: 57% das companhias têm este problema.
Alguns sinais indicam melhorias recentes nesse quadro da educação no país. De acordo com os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgados este mês, o Brasil superou as metas projetadas pelo MEC para 2011 em todo o ensino fundamental, ou seja, do 1º ao 9º ano, e igualou a meta proposta para o ensino médio. Embora os resultados individuais para municípios e escolas tenham se apresentado bastante desiguais, chama atenção a redução da diferença na avaliação entre instituições de ensino particulares e públicas. O abismo persiste, mas os números mostram que as escolas particulares registraram queda em alguns estados, como é o caso do Rio de Janeiro, enquanto houve uma ligeira melhora nas escolas públicas em geral.
A grande questão é: enquanto a educação permanece insuficiente, a necessidade por pessoas qualificadas avança, já que os problemas se tornam mais complexos. Nossa educação só irá melhorar com um intenso investimento na atualização e na formação de professores. E, para isso, temos uma oportunidade única.
A inserção de novas tecnologias no ensino passa por dois pressupostos básicos. O primeiro é que o universo transmidiático vem englobando as novas gerações, impulsionado pela afinidade natural que os jovens têm pelo novo. O segundo é ligado à forma como aprendemos e como as tecnologias podem impulsionar esse processo.
É preciso dar passos largos e rápidos em direção a uma educação engajadora. Para isso, é necessário investir em uma formação de professores que busque envolvê-los no processo educacional como agentes de transformação.
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