FOLHA DE SP - 17/08
O mensalão foi uma farsa criada por Lula e Zé Dirceu com a ajuda de membros dos partidos aliados
COMO PUDE ser tão inexperiente. Demorei a concluir o raciocínio, a organizar o pensamento e a juntar dois mais dois, mas cheguei lá. As peças agora se encaixam. Agora eu consigo ver o Roberto Jefferson e o Zé Dirceu se abraçando e rindo. Os tapinhas nas costas rolando soltos entre quem investigou e quem foi investigado.
Agora vejo Quim Barbosa, alongadaço, tomando um uíscão relax no seu gabinete na gloriosa companhia de Ricardinho Lewandowski. Apalpo a alegria de ambos, a amizade que os une e a cumplicidade compartilhada no comentário sobre os momentos mais dramáticos do dia vivido na Corte. O teatro terá sido fabricado para surtir efeito na frente das câmeras.
Naquele mesmo momento, não muito longe dali, Marcos Valério e Duda Mendonça se reúnem depois dos extenuantes trabalhos no STF em algum salão privado do Piantella, o restaurante point do advogado Kakay (balão, aqui na minha mão) para ensaiar o dia seguinte.
Caiu a ficha, meu horizonte clareou: o mensalão foi apenas um factoide inventado pelo PT. O chamado "maior escândalo político da história" e o intricadíssimo julgamento que somos obrigados a assistir dia após dia na TV, com seus depoimentos, seus empréstimos forjados para cá, seus contratos fictícios com agências de publicidade para lá e sua grana de estatais pululando acolá, não passa de pretexto.
O novelão que culminou na ação penal 470 e vem ocupando as atenções do país nos últimos sete anos nada mais é do que uma grande farsa criada por Lula e seu ex-chefe da Casa Civil, Zé Dirceu, com a ajuda de membros dos partidos aliados.
Foi tudo feito para encobrir o lançamento, no nono ano do PT no poder, do maior e mais audacioso plano capitalista de que se tem notícia. Os barbudos não brincam em serviço. Bem que eles avisaram.
Se tivesse sido lançado por Reagan ou, digamos, Collor, o pacote anunciado por Dilma na última quarta já seria considerado de uma ousadia tremenda. Mas só mesmo no Brasil um governo que se autointitula de esquerda conseguiria fazer Stálin, Ceausescu, Enver Hoxha, Pol Pot e Kim Il-Sung (pai e filho, veneradíssimos) pular dobrado e bem mais alto sobre as brasas daquele lugar onde ora passam a eternidade.
Só no Brasil a esquerda seria capaz de rasgar "O Capital" ao meio (haja músculo), mandar a tradição do sindicalismo catar coquinho na ladeira e constranger a Marilena Chaui em caminho de ida sem volta. O que ela vai dizer para as negas dela agora, gente? O que, pelo amor de Deus?
Tentará a professora alegar que concessão não rima com privatização? Dirá que os desvalidos também têm urgência de viajar de avião e que em razão dessa premência tão real e palpável, nascida na região do diafragma, o governo se dispôs a privatizar absolutamente todos os aeroportos do país? Ai que dor, Marilena!
O Plano Dilma levanta suspeitas de que só os "amici" serão beneficiados pelo tutu das viúvas e empréstimos do BNDES. Nada disso. Estamos falando da maior ejaculação capitalista desde que a Dama de Ferro se deitou pela primeira vez com Dennis Thatcher naquele longínquo pós-guerra.
Daquele encontro nasceu uma parceria que mudou os destinos da humanidade e da economia de livre mercado. Deste agora, quem muda sou eu, que me igualo a Marilena Chaui na certeza absoluta de que o mensalão nunca existiu. Foi tudo uma farsa criada para que os fins justificassem os meios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário