FOLHA DE SP - 07/07
BRASÍLIA - A crise política na direção nacional do PSD expõe à perfeição a falência do modelo de gestão dos partidos brasileiros.
O Partido Social Democrático existe há menos de um ano. Mas sua cúpula já está rachada por conta das alianças eleitorais da legenda em várias cidades. A disputa de prefeito em Belo Horizonte colocou o presidente do PSD, Gilberto Kassab, a favor do PT mineiro. E a vice-presidente da sigla, a senadora Kátia Abreu, ficou do lado oposto, sugerindo que abrirá uma dissidência formal dentro da agremiação.
É impossível prever quem ganhará a parada, mas parece óbvio que o PSD é apenas um ajuntamento de políticos, e não um partido. Como é possível uma legenda com menos de um ano de existência já ter divergências tão profundas?
A resposta é simples. O PSD não tem unidade ideológica nem um projeto de poder claro a ser seguido. Quando se trata de militantes e conexão com eleitores no mundo real, aí a ficção aumenta ainda mais.
O Brasil tem 30 partidos políticos. O PSD nasceu no ano passado com 52 deputados filiados e nenhum voto recebido nas urnas em 2010. Idealizado pelo prefeito paulistano, Gilberto Kassab, já é o quarto maior na Câmara dos Deputados.
O que moveu tantos políticos a fundar um novo partido? Uma nova ideologia? Um desejo incontido de salvar o Brasil? Nada disso. Foram todos incentivados por uma brecha na legislação que possibilitava a criação da nova legenda.
Essa permissividade foi criada pelos políticos para uso próprio. Reforma política é algo fora do radar. Até os azulejos de Athos Bulcão na parede do Congresso sabem que deputados e senadores não nutrem o menor interesse por esse tema.
Fica então tudo inalterado. Mas episódios como o racha no recém-nascido PSD mostram como é prematuro achar que a democracia brasileira esteja perto da maturidade.
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