O ESTADÃO - 29/07
A reincidência do presidente do PT, Rui Falcão, no discurso de negação do “mensalão”, o desmente como acidente, conforme classificaram companheiros como José Dirceu o primeiro pronunciamento do dirigente, e indica desesperada tentativa do partido de questionar antecipadamente uma derrota no Supremo Tribunal Federal.
O julgamento para o PT significa mais do que o infortúnio individual de alguns de seus dirigentes históricos - é a pá de cal na própria história de partido virtuoso, cultivada artificialmente na oposição para distinguir-se das demais legendas. Ao fim dagestão Lula, constata-se queolimi-te da virtude era a chegada ao poder.
A imagem de vestal resistiu a todas as práticas fisiológicas do partido no governo, àbase deversões corderosa para episódios como os dossiês falsos, dólares em cuecas, desvios de dinheiro público através de ONGs, super-faturamento de obras e todo o arsenal conhecido daculturapolíticabrasileira.
A diferença, desta vez, é que contra novas versões de inocência existe ama-terialização dos delitos, que o partido não nega, mas paraos quais reclama tipificação diferente da que se depreende do título “mensalão”, traduzido por mesada para comprar votos favoráveis ao governo.
A admissão de caixa-dois pela defesa do PT, o mantém como réu por uma prática que “todo mundo faz”, segundo Lula. Mas como era diferente dos demais (era?), a própria linha de defesa o joga na vala comum. O temor é que o discurso estratégico de ontem, dedo em riste intolerante com a corrupção, faça dalegenda, hoje, uma espécie de Demós-tenes Torres do quadro partidário.
Sentença antecipada
O discurso de Falcão tem o efeito, entre outros, de legitimar a versão do ministro Gilmar Mendes para seu encontro com o ex-presidente Lula, pela qual foi constrangido a defender o adiamento do julgamento, por ocorrer em ano eleitoral. A leitura interna de que está em julgamento a sua história como partido, leva à versão (mais uma) de que está em julgamento a isenção do STF: se absolvido, o julgamento terá sido técnico; do contrário, político. É a tradução possível para a sentença antecipada de Falcão, de que o episódio representa “a judicializa-ção da política e a politização do julgamento”.
Censura eleitoral
É improvável que a Justiça Eleitoral acate o pedido do PT de impedir a exploração do mensalão na campanha em curso. Trata-se de episódio que produziu fatos políticos no âmbito congressual, como CPI, cassações e queda do principal ministro do governo. Independente do julgamento, não há nada que impeça sua menção, segundo fonte do Judiciário.
DEM nas eleições
O Democratas terá oito candidatos a prefeito nas capitais: ACM Neto (Salvador), Rodrigo Maia (Rio de Janeiro), Mendonça Filho (Recife), João Alves (Aracaju), Jeferson Morais (Maceió), Moroni Torgan (Fortaleza), Davi Alcolumbre (Macapá) e Pauder-ney Avelino (Manaus). As apostas do partido estão em Salvador, onde ACM Neto lidera a disputa, à frente de Mário Kertez (PMDB) e Nélson Pelegrino (PT); Sergipe, com larga vantagem de João Alves sobre os adversários Valadares Filho (PSB) e Almeida Lima (PPS); e Ceará, onde Moroni Torgan, segundo o Datafolha, tem 27% dos votos, seguido de Inácio Arruda (PC do B), com 14% e Heitor Férrer (PDT), com 11%.
Sem fusão
Animado com a competitividade em regiões estratégicas, o presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afasta qualquer possibilidade de fusão com o PMDB. “É bom só para eles” diz.
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