ZERO HORA - 21/06
O governo deve ao país uma estratégia clara de enfrentamento da crise financeira internacional, uma política capaz de garantir o crescimento da economia. Especialistas apontam a necessidade de elevação do investimento público, expressiva o suficiente para induzir o setor privado a seguir o exemplo.
As autoridades econômicas insistem nas desonerações pontuais de impostos e no crédito barato para promover o consumo. Um conjunto de medidas esparsas que não representam estímulo consistente à economia. O endividamento das famílias chegou ao limite. Os pátios das montadoras de automóveis permanecem lotados e a GM já incentiva as demissões voluntárias.
Paralelo à desoneração fiscal, o governo permitiu uma agressiva desvalorização do real frente ao dólar, buscando maior competitividade aos nossos produtos no mercado internacional. Mas qual mercado? A Europa, a China e os Estados Unidos, nossos clientes principais, restringiram as compras no exterior.
A alta do dólar tem impacto nos índices de inflação. Vamos pagar mais pelo pão nosso de cada dia, pois aumentou o preço do trigo que importamos. E ficam mais caras as máquinas e equipamentos para modernização do parque fabril. Ainda temos a energia mais cara do mundo, graças aos impostos.
Outra recente medida de impacto do governo é a oferta de empréstimo, via BNDES, aos Estados - em ano eleitoral - para que possam investir mais. Um reforço em orçamentos já bastante pressionados por uma dívida histórica impagável. Aumentar esse passivo, contraindo mais empréstimos, não parece ser a melhor opção.
Nesse cenário, uma das propostas em debate é a redução do superávit primário, atual- mente fixado em 3,1% do PIB. Uma diminuição de 0,5% representaria mais R$ 22,4 bilhões para investimentos. Outra sugestão se refere ao desequilíbrio entre o que os Estados arrecadam e transferem à União e o montante que recebem de volta. O Rio Grande do Sul repassa R$ 30,8 bilhões e recebe de volta apenas R$ 6,2 bilhões.
A renegociação das dívidas dos Estados também está sobre a mesa. Num momento em que a taxa básica dos juros é rebaixada e o governo consegue reduzir sua dívida pública, o mesmo não acontece com os Estados. Esses continuam comprometendo suas receitas de forma excessiva.
Uma redistribuição mais justa dos royalties do petróleo também integra o conjunto de temas que estão na ordem do dia. Finalmente, seria recomendável uma redução no gasto da máquina pública. Mas essa já é outra história.
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