Assembleia Popular Nacional da China tem homens milionários, segundo a revista "Forbes"
Há poucos dias a revista "Forbes" publicou sua lista das pessoas mais ricas do mundo, como faz todos os anos. Por acaso, a publicação coincidiu com outro evento anual que ocorria nas antípodas da sede da "Forbes" em Nova York.
Era a reunião da Assembleia Popular Nacional da China, que é formalmente o órgão supremo do Estado chinês e representa o Legislativo do país.
Surpreendentemente, esses dois fatos estão interligados. A lista dos delegados da Assembleia chinesa inclui quase todas as pessoas mais ricas daquele país.
Com seus 2.987 delegados, a Assembleia chinesa constitui o Parlamento mais numeroso do mundo, e suas reuniões, no Grande Palácio do Povo, na legendária praça Tienanmen, sempre rendem notícias.
Não pelas decisões que ali se tomam, já que esse organismo não tem, na prática, poder algum. É uma entidade simbólica. E se reúne simultaneamente com outra entidade que também tem muito nome e pouco poder: a Conferência Consultiva Política do Povo.
A importância dessas reuniões anuais se deve ao fato de que os verdadeiros líderes do país utilizam seus discursos para transmitir suas prioridades e preocupações à população e ao mundo.
Na reunião desta semana, por exemplo, o premiê Wen Jiabao assinalou que a China precisa empreender reformas urgentes. Ele reconheceu que a desigualdade e a corrupção são problemas crônicos e que o crescimento econômico de seu país será mais lento, de agora em diante, do que vinha sendo.
O que isso tem a ver com a lista dos mais ricos publicada pela "Forbes"? De acordo com a Bloomberg, em 2011 o patrimônio pessoal dos 70 delegados mais ricos da Assembleia Popular Nacional da China chegou a US$ 90 bilhões -aumento de US$ 11,5 bilhões sobre 2010.
Os delegados da Conferência Consultiva Política do Povo são ainda mais ricos: o patrimônio pessoal de cada um deles chega a US$ 1,5 bilhão (14% mais do que era no ano passado). Para ter ideia das proporções, basta saber que a renda média por habitante na China é de apenas US$ 4.200 ao ano.
A presença dos super-ricos chineses nesses órgãos do Estado começou com uma decisão deliciosamente irônica: uma década atrás o secretário do Partido Comunista na época, Jiang Zemin, abriu aos "capitalistas" de seu país a possibilidade de filiação ao partido.
Embora muitos dos ricos tenham ingressado no partido, também é fato que muitos dos membros do partido se tornaram muito ricos. Rupert Hoogewerf, que publica a "Hurun", uma lista anual dos mil chineses mais endinheirados, declarou à jornalista Louisa Lim: "É uma situação como a do ovo e da galinha. Eles são politicamente poderosos porque são ricos ou são ricos em decorrência de sua influência política?".
Examinando as origens das maiores fortunas do mundo, fica evidente que muitas delas cresceram ao amparo (ou mais que isso) do governo. Em muitos países, o Estado, e não o mercado, é o caminho para obter riquezas inimagináveis. E nisso a China não é diferente.
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