CORREIO BRAZILIENSE - 16/03/12
Imagine, leitor, Dilma anunciando com sua voz grave que trabalha por um Brasil grande; e o PMDB de Renan Calheiros, o PTB de Roberto Jefferson e o PR de Valdemar Costa Neto puxam-lhe o tapete. Com quem você acha que o povo ficaria?
Muito se falou nas últimas 24 horas sobre os alertas que o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez no Senado ao dizer que a presidente Dilma Rousseff incorre no mesmo erro que ele, desprezando os políticos tradicionais. Vale, entretanto, colocar as declarações do ex-presidente nos devidos contextos históricos.
Para começar, Collor tinha um partido pequeno, construído em cima das benesses do poder. Dilma tem um partido grande, o PT. Embora uma parte expressiva do partido esteja inconformada com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) do cargo de líder do governo na Câmara, os petistas não vão atear fogo às vestes permitindo que a situação chegue ao ponto de tirar a presidente do cargo para colocar o vice Michel Temer, do PMDB.
Segundo, vejamos a população. O prestígio de Collor estava em frangalhos quando ele caiu. Isso porque, paralelamente às denúncias de corrupção e à saraivada de contas fantasmas gerenciadas pelo finado Paulo César Farias - o tesoureiro da campanha collorida - todos os planos econômicos fracassaram. A decepção se deu logo na largada, com o confisco da poupança. Dias antes do impeachment, Fernando Collor chamou os brasileiros às ruas para apoiá-lo. Na TV, conclamou todos a sair de verde e amarelo em defesa de seu governo. O Brasil se vestiu de preto. Precisa dizer mais?
Por falar em TV...
Imagine, leitor, Dilma na TV hoje pedindo apoio à população porque os políticos tradicionais boicotam seu governo. Ou Dilma anunciando com sua voz grave que sonhou com um Brasil grande; e o PMDB de Renan Calheiros, o PTB de Roberto Jefferson e o PR de Valdemar Costa Neto não deixam, puxam-lhe o tapete para retomar o poder. Com quem você acha que o povo ficaria? Dilma, ao tirar Romero Jucá (PMDB-RR), expôs os políticos tradicionais. A classe política está em baixa e a situação não vai melhorar se, daqui para frente, eles inventarem motivos para derrubá-la ou inviabilizarem o crescimento econômico.
É certo também que a presidente não pode levar tudo ao estilo "faca na bota" como se diz no Rio Grande do Sul, onde ela fez política. À presidente, cabe resolver diferenças pelo diálogo, de forma cordata e afável. Bater, sem machucar. Ao mesmo tempo, não é possível ceder a tudo que os partidos desejam. O PT, por exemplo, não tem por que brigar. No saldo de ministérios, ainda é o grande vencedor. Não perdeu um milímetro sequer nesta dança das cadeiras, à exceção, é claro, da luta de tendências em São Paulo - considerado o centro dos males petistas e tucanos.
Por falar em centro dos males...
Ontem, não eram poucos os políticos que citavam a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, como a grande responsável pela maioria das tensões que vive a base governista. Mencionavam como tropeços a retirada da venda de bebidas alcoólicas do texto da Lei da Copa (ontem o governo voltou atrás), a forma como ela tratou o PR na conversa de quarta-feira com o senador Blairo Maggi (MT) e, ainda, as reuniões sobre o código florestal.
No Planalto, há quem diga ser bom lembrar que Ideli não dá um passo sem ordem da chefe. Portanto, só sai se não houver qualquer alternativa. Os palacianos chamam a atenção ainda para o fato de Dilma ter sido politicamente forjada na guerrilha, nos porões da ditadura, onde a lealdade aos companheiros valia preservar-lhes a vida. Não é de seu feitio abandonar quem lhe é leal, nem deixar companheiros pelo caminho. Talvez seja obrigada a mexer na coordenação mais à frente. Mas não o fará agora, nessa fogueira. Ela sabe que outras virão.
Para começar, Collor tinha um partido pequeno, construído em cima das benesses do poder. Dilma tem um partido grande, o PT. Embora uma parte expressiva do partido esteja inconformada com a destituição de Cândido Vaccarezza (PT-SP) do cargo de líder do governo na Câmara, os petistas não vão atear fogo às vestes permitindo que a situação chegue ao ponto de tirar a presidente do cargo para colocar o vice Michel Temer, do PMDB.
Segundo, vejamos a população. O prestígio de Collor estava em frangalhos quando ele caiu. Isso porque, paralelamente às denúncias de corrupção e à saraivada de contas fantasmas gerenciadas pelo finado Paulo César Farias - o tesoureiro da campanha collorida - todos os planos econômicos fracassaram. A decepção se deu logo na largada, com o confisco da poupança. Dias antes do impeachment, Fernando Collor chamou os brasileiros às ruas para apoiá-lo. Na TV, conclamou todos a sair de verde e amarelo em defesa de seu governo. O Brasil se vestiu de preto. Precisa dizer mais?
Por falar em TV...
Imagine, leitor, Dilma na TV hoje pedindo apoio à população porque os políticos tradicionais boicotam seu governo. Ou Dilma anunciando com sua voz grave que sonhou com um Brasil grande; e o PMDB de Renan Calheiros, o PTB de Roberto Jefferson e o PR de Valdemar Costa Neto não deixam, puxam-lhe o tapete para retomar o poder. Com quem você acha que o povo ficaria? Dilma, ao tirar Romero Jucá (PMDB-RR), expôs os políticos tradicionais. A classe política está em baixa e a situação não vai melhorar se, daqui para frente, eles inventarem motivos para derrubá-la ou inviabilizarem o crescimento econômico.
É certo também que a presidente não pode levar tudo ao estilo "faca na bota" como se diz no Rio Grande do Sul, onde ela fez política. À presidente, cabe resolver diferenças pelo diálogo, de forma cordata e afável. Bater, sem machucar. Ao mesmo tempo, não é possível ceder a tudo que os partidos desejam. O PT, por exemplo, não tem por que brigar. No saldo de ministérios, ainda é o grande vencedor. Não perdeu um milímetro sequer nesta dança das cadeiras, à exceção, é claro, da luta de tendências em São Paulo - considerado o centro dos males petistas e tucanos.
Por falar em centro dos males...
Ontem, não eram poucos os políticos que citavam a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, como a grande responsável pela maioria das tensões que vive a base governista. Mencionavam como tropeços a retirada da venda de bebidas alcoólicas do texto da Lei da Copa (ontem o governo voltou atrás), a forma como ela tratou o PR na conversa de quarta-feira com o senador Blairo Maggi (MT) e, ainda, as reuniões sobre o código florestal.
No Planalto, há quem diga ser bom lembrar que Ideli não dá um passo sem ordem da chefe. Portanto, só sai se não houver qualquer alternativa. Os palacianos chamam a atenção ainda para o fato de Dilma ter sido politicamente forjada na guerrilha, nos porões da ditadura, onde a lealdade aos companheiros valia preservar-lhes a vida. Não é de seu feitio abandonar quem lhe é leal, nem deixar companheiros pelo caminho. Talvez seja obrigada a mexer na coordenação mais à frente. Mas não o fará agora, nessa fogueira. Ela sabe que outras virão.
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