FOLHA DE SP - 16/02/12
Nos dois casos, é Serra em ação contra Serra. Assim como foi quando prefeito só para ser governador e governador só para o que era sua convicção de ocupar a Presidência. E com este desvio, mais do que qualquer dos outros fatores preliminares, José Serra fez o alicerce básico de sua derrota para Lula.
Pelo que se convencionou considerar um bom prefeito, Serra não foi bom prefeito de São Paulo. Uma passagem veloz, bem ostensivos o desinteresse e o desajuste.
Pelos mesmos critérios, e para quem -ele diz- "preparou-se a vida toda" para exercer o poder, Serra não foi bom governador, não fez nem pensou para o Estado o mínimo necessário a deixar memória. Logo, nem o mínimo para projetar-se no país como o administrador competente, inovador e com visão clara dos problemas.
A imagem do grande governante é que seria a sua plataforma eficiente, capaz de contrapor-se ao esperado petismo de Lula e, quando o adversário surgiu com outra caracterização, à simpática enrolação do "Lulinha, paz e amor".
Bons governantes só se mostram no poder, não antes. Ser bom ou ruim de pesquisa nada assegura, por antecipação, sobre o futuro governante. Essa é uma das grandes falhas do sistema eleitoral das democracias à maneira ocidental: o poder não é entregue necessariamente ao mais apto para exercê-lo. No caso de Serra, as experiências anteriores de governança não justificariam, em princípio, que retirasse a oportunidade à renovação, para a qual o seu próprio partido oferece vários pretendentes.
Mas Serra, outra vez em princípio, tem potencial para ser o prefeito que foi esperado dele, sem correspondência. Com a condição, porém, de que queira ser prefeito para assumir, não uma escada, senão a mais rica cidade do país à espera ainda de que sua riqueza se transforme em bem-estar da população. A não ser assim, não valeria a pena Serra chegar à prefeitura. E nem mesmo sair do seu balancear hamletiano.
CUIDADOS
Se vai viajar, cuidado com os táxis que tome como turista. Já ao chegar aos aeroportos. Há casos até de estupro, de passageiras que pegaram táxis alheios aos serviços autorizados. De preferência, não ceda às abordagens de agentes e taxistas de aeroportos ou não. Isto vale para qualquer cidade maior, mas os casos a que me refiro são, lamento por minha cidade, do Rio.
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