FOLHA DE SP - 15/12/11
Essa limitação diferencia o Twitter dos concorrentes, o que é bom para ele. Mas, no fundo, essa limitação não existe, pois podemos publicar links encurtados que levam a textos maiores, e agora links que tocam músicas ou transmitem vídeos, tudo ali mesmo, nesse novo desenho. Como no Facebook.
No lançamento, Costolo disse que o Twitter “pode e tem a obrigação de alcançar todas as pessoas do planeta”. Rapaz ambicioso. Com 100 milhões de usuários cadastrados, entre eles eu, há bilhões ainda a conquistar para bater a meta
Primeira conclusão: as redes sociais na internet têm um enorme espaço para crescer. Por isso, penso, o redesenho do Twitter foi feito com mãos leves.
Não vi grande gritaria do público fiel ao Twitter com a nova interface, como geralmente acontece quando um serviço de alta audiência muda de aparência. Achei que o novo desenho melhora a experiência dos tais 100 milhões. Achei também que o serviço ficou ligeiramente mais compreensível, facilitando a conquista de público novo.
É cedo para julgar os ganhos comerciais que o Twitter pode vir a ter com as mudanças que fez para os anunciantes. Avançaram na criação de páginas de marcas, de modo a competir melhor com Facebook e Google+, a jovem rede social do Google, que está para substituir o Orkut. A propósito, o Orkut praticamente não existe mais fora do Brasil e da Índia, terra natal do seu criador, o senhor Orkut.
O Facebook, líder atual em redes sociais pela internet, diz contar com 800 milhões de usuários, oito vezes o tamanho do Twitter. Desde setembro, o Facebook também apareceu redesenhado. Entre as muitas mudanças, surgiu uma coluna à direita, atualizada ao vivo, que mostra o que as pessoas estão fazendo naquele instante. É curioso, mas é dispersivo. Normalmente fecho essa coluna, depois que descobri por acaso (ou intuitivamente, se o leitor preferir) como fechá-la. Mas tenho de fechá-la sempre, porque o sistema ainda não entendeu que esse é o padrão que desejo para mim.
O criador e principal executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, andou propagando nos últimos meses o conceito de “compartilhamento sem atrito”, que vem a ser algo como expor a Deus e ao mundo o que cada um consome ou compartilha sem pedir autorização preliminar.
Talvez eu exagere. Seria como divulgar a priori, sem pedir, de forma clara o bastante, de modo a que todos pudessem entender o que compartilhariam e com quem.
O argumento de Zuckerberg é poupar tempo das pessoas, que não precisariam mais tomar a iniciativa de compartilhar o que estão ouvindo, lendo, assistindo, comprando, gostando.
Talvez a questão tenha um componente geracional: quanto mais jovem, menos a pessoa se importa com coisas do tipo privacidade. Será que quando forem mais velhas e estiverem no mercado de trabalho elas gostarão que seus chefes ou possíveis contratadores tenham acesso a tanta informação pessoal?
Esse conceito do “compartilhamento sem atrito” está se espraiando. Muitos aplicativos (softwares) que as pessoas começam a usar na internet “facilitam” a vida do cliente ao permitir que usem o “login” (nome de usuário e senha) do Facebook. O “trade-off”, ou seja, o pagamento em troca, é permitir que suas atividades sejam monitoradas. Para quê? Ora, para vender publicidade dirigida.
O motivo é alvejar melhor a audiência com anúncios que possam ser do seu interesse. Melhorar as vendas. Aumentar o preço dos anúncios na internet. É assim que às vezes somos “perseguidos” por anúncios de produtos sobre os quais nos informamos uma vez na vida.
Vou dar outro exemplo. Um dia, quis conhecer a cidade inca de Machu Picchu. Comprei guias de viagem na loja on-line Amazon. Sabe o que aconteceu depois? A loja passou anos me oferecendo guias de viagem ao Peru, como se tivesse intenção de ir ao mesmíssimo lugar em todas as férias da minha vida!
Rudimentar, não?
MARION STRECKER é jornalista, cofundadora e correspondente do UOL em San Francisco.
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