BRASÍLIA - Avaliações de primeiro ano de governo são sempre perigosas. Nos inícios de mandato de FHC e de Lula, por exemplo, dizia-se que pouco havia sido feito, que não havia rumo claro. Vistos hoje, parecem períodos transformadores.
O tucano conseguiu aprovar no Congresso as quebras dos monopólios estatais na exploração do petróleo e das telecomunicações, mudou a definição de empresa nacional eliminando restrições ao capital estrangeiro, acabou com a correção automática de salários pela inflação.
O petista virou do avesso o programa do partido, negociou uma reforma da Previdência, retomou a expansão do quadro de pessoal do Executivo e lançou o Bolsa Família -na época, destacado mais como evidência de abandono do Fome Zero prometido na campanha eleitoral.
Dilma merece, pois, o benefício da dúvida no julgamento do que parece um ano de pouco dinamismo administrativo e de diretrizes obscuras. Há mudanças legislativas e políticas públicas cujo alcance só se torna aparente no médio ou no longo prazo, às vezes para surpresa de seus próprios formuladores e executores.
Na falta de realizações concretas, os bons resultados da presidente nas pesquisas de popularidade têm sido atribuídos ao legado do antecessor e padrinho, às baixas taxas de desemprego e às sucessivas substituições em seu ministério fim de feira.
A agenda mais palpável em curso é a formatação, sem os dissensos anteriores, de uma política desenvolvimentista -o que, na tradição latino-americana, significa intervenção estatal na forma de investimentos, crédito subsidiado, benefícios fiscais e proteção à produção local.
Os economistas oficiais, no entanto, terão de passar o Ano-Novo torcendo por décimos de porcentagem que evitem um crescimento do PIB abaixo do mínimo prometido de 3% e uma inflação acima do teto de 6,5%. Até que o futuro conte uma história diferente, esse será o retrato de 2011.
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