O GLOBO - 19/11/11
A presidente Dilma chegou ao Salão Nobre, para sancionar a criação da Comissão da Verdade, conversando, de dedo em riste, com o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). Vinham de discussão acalorada, da qual participaram Maria do Rosário (Direitos Humanos), Celso Amorim (Defesa), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Ideli Salvatti (Institucional) e o ex-ministro Franklin Martins. Por pressão militar foi decidido que Vera Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva, não falaria na solenidade.
Os militares estavam ensandecidos
No início da manhã, o assessor da Defesa, José Genoino, alertou o Planalto que, se o familiar de uma vítima da ditadura militar falasse, como estava previsto, um militar também teria de falar. Do contrário, seria um constrangimento para os comandantes militares, presentes à solenidade. A discussão no gabinete de Dilma atrasou a cerimônia em meia hora. Para não dar a palavra a um militar, a opção foi desconvidar Vera Paiva. Falaram a presidente, o ministro José Eduardo Cardozo e o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, Marco Antonio Barbosa. O episódio gerou tensão e tisnou um ato que era para ser festivo.
"Ele é muito sincero” — Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento, sobre a entrevista de Ciro Gomes, na qual ele diz que o PT virou um partido “fisiológico”
METRALHADORA GIRATÓRIA. Apesar de estarem acostumadas com o estilo de Ciro Gomes, lideranças políticas ficaram surpresas com a entrevista concedida ao UOL na qual o ex-ministro falou mal de tudo e todos. O presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana, rebateu a afirmação de que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria um problema, o de ler pouco. "Ele não é um acadêmico nem um técnico, é um político. Tem a habilidade de formar boas equipes. Isso foi um desvio academicista do Ciro. Foi seu lado Mangabeira Unger", disse ele.
Ironia
De um membro da Executiva do PSB, sobre a entrevista de Ciro Gomes, na qual ele diz que o próprio partido tem "uma direção de capitania hereditária": "O Ciro saiu da política para virar o ombudsman do quadro político nacional".
Nova frente
O Brasil formalizou esta semana relação sistemática, que prevê intensificação do comércio, com os 10 países da Asean (Sudeste Asiático). O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) foi a Bali se reunir com os chanceleres da região.
Sobre a reforma ministerial
O governador Jaques Wagner (BA) está em campanha para manter a ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial) no cargo. Ele aproveitou a visita da presidente Dilma a Salvador para falar sobre a fritura que Luiza tem enfrentado. Dilma teria dito que não pretende extinguir a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, com status de ministério, até porque repercutiria muito mal no movimento negro, e teria elogiado a ministra.
Sampa x Minas
Comitivas técnicas dos governos de São Paulo e de Minas Gerais estão em Taiwan. Foram convocadas pela Foxconn para a última rodada de negociação antes de anunciar em qual estado será instalada sua nova fábrica no Brasil.
Por outro lado
O deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) reage ao veto de Brizola Neto (PDT-RJ): "No episódio da crise no Ministério do Trabalho, Brizola e eu defendemos a mesma posição. Considero inoportuno e constrangedor falar na sucessão do Lupi."
ESCOLHIDA. O único nome já escolhido para a Comissão da Verdade é Clarice Herzog, mulher do jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura.
GAFE. Relator da Comissão da Verdade no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) não foi convidado para a sanção da lei pela presidente Dilma.
INTOCÁVEIS. Um integrante do governo explica as dificuldades da presidente Dilma para escolher os membros da Comissão da Verdade: "É mais difícil do que escolher ministro, porque ela não vai poder demitir depois".
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