BRASÍLIA - No Brasil, os ministros caem como frutos maduros -ou podres. Na Europa, são os próprios presidentes e primeiros-ministros que despencam, uns derrubados (como na Itália e na Grécia), outros derrotados nas urnas (a maioria).
A alternância de poder é resultado político evidente da crise que sacode o mundo, particularmente o mundo rico, desde 2008. Em geral, é da esquerda para a direita, como em Portugal, mas não sempre. A Dinamarca é uma das exceções.
Praticamente só escaparam da degola os que, não por acaso, são de
países que vivem razoável estabilidade econômica: Suécia, Polônia e Estônia, além da poderosa Alemanha.
É nesse contexto que a Espanha deve derrotar hoje o candidato do premiê José Luis Zapatero, socialista, e eleger Mariano Rajoy, do Partido Popular, à direita. A crise é internacional e europeia, mas o eleitor sente e reage como se fosse local. Não percebe que, ganhe quem ganhar, vem mais corte por aí.
A Espanha se esgoela, tentando convencer o resto da Europa e do mundo de que está metendo a tesoura desde maio de 2010 e cumprindo as metas graduais. O problema é que a construção civil, carro-chefe dos anos de bonança, desabou. Com ela, os empregos: o índice de desemprego é de assustadores 22,6%.
Na campanha, Rajoy já avisou que vai manter o aperto e não se comprometeu a salvar nem os salários. E a previsão de expansão econômica acaba de ser revista para baixo, de 1,3% para 0,8%. Seu desafio é aprofundar a substituição da construção civil pelas exportações e equilibrar o que parece "inequilibrável": forte arrocho fiscal e crescimento.
É assim que a crise econômica vai afetando a política e alimentando incertezas, com um rastro de vítimas nas cúpulas dos governos. Entre mortos e feridos, poucos se salvam.
Nicolas Sarkozy, aliás, deve botar as barbas de molho. Em 2012, tem eleição na potência França.
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