O vácuo
KENNETH MAXWELL
FOLHA DE SP - 13/12/11
Ainda que os mercados financeiros tenham expressado alívio nesta semana pelo fato de os líderes europeus parecerem, enfim, estar avançando rumo a uma política que ajudaria a conter o quase pânico quanto à busca de uma solução ordeira para a crise da dívida da Grécia, e que os governos europeus estejam mais perto de aprovar leis que permitiriam capitalizar um fundo europeu de estabilização e resgatar os bancos afetados de maneira adversa pelo passivo grego, é cedo demais para afirmar que a crise passou ou que o contágio foi detido.
Portugal, por exemplo, que, como a Grécia, assinou um acordo com a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), descobriu que seus cálculos orçamentários subestimavam gravemente os deficits ocultos da ilha da Madeira, há muito controlada por um líder político populista da velha guarda, Alberto João Jardim, também conhecido como "o rei da Madeira", que voltou a ser reeleito no domingo para o governo da ilha, posto que detém desde 1977.
E isso a despeito da revelação de que o governo autônomo da Madeira não havia informado às autoridades portuguesas sobre custos não reportados de € 571 milhões em 2010 e quanto a € 290 milhões em juros sobre dívidas atrasadas, além de € 109 milhões em custos de saúde referentes aos três últimos anos.
Enquanto isso, no Reino Unido, o Instituto Independente de Estudos Fiscais reportou, na terça-feira, que uma família típica, com dois filhos, da chamada "classe média comprimida" -formada pelas famílias britânicas de renda média-, estava enfrentando um colapso em sua renda domiciliar que não apresenta precedentes nas últimas três décadas.
O instituto também estimou que 600 mil crianças a mais passariam a viver em pobreza absoluta. É evidente, de fato, que o impacto em longo prazo da crise bancária de 2009 só agora começa a ser sentido plenamente pela comunidade mais ampla.
O quadro nos Estados Unidos não é muito melhor. Existe um vácuo semelhante.
Os protestos nas ruas de Nova York e nas ruas de Boston continuam a ser, em larga medida, incoerentes, embora a resposta dos banqueiros de Wall Street, da polícia e dos líderes políticos na capital norte-americana tenha chegado perto da histeria.
É duvidoso que, no atual clima político, esses protestos tenham algum efeito. Mas o problema permanece: como fazer com que a economia volte a crescer? E como garantir que, quando o fizer, os benefícios sejam distribuídos de maneira mais equitativa?
Os plutocratas, por enquanto, continuam bem. A questão é definir por quanto tempo.
Portugal, por exemplo, que, como a Grécia, assinou um acordo com a União Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE), descobriu que seus cálculos orçamentários subestimavam gravemente os deficits ocultos da ilha da Madeira, há muito controlada por um líder político populista da velha guarda, Alberto João Jardim, também conhecido como "o rei da Madeira", que voltou a ser reeleito no domingo para o governo da ilha, posto que detém desde 1977.
E isso a despeito da revelação de que o governo autônomo da Madeira não havia informado às autoridades portuguesas sobre custos não reportados de € 571 milhões em 2010 e quanto a € 290 milhões em juros sobre dívidas atrasadas, além de € 109 milhões em custos de saúde referentes aos três últimos anos.
Enquanto isso, no Reino Unido, o Instituto Independente de Estudos Fiscais reportou, na terça-feira, que uma família típica, com dois filhos, da chamada "classe média comprimida" -formada pelas famílias britânicas de renda média-, estava enfrentando um colapso em sua renda domiciliar que não apresenta precedentes nas últimas três décadas.
O instituto também estimou que 600 mil crianças a mais passariam a viver em pobreza absoluta. É evidente, de fato, que o impacto em longo prazo da crise bancária de 2009 só agora começa a ser sentido plenamente pela comunidade mais ampla.
O quadro nos Estados Unidos não é muito melhor. Existe um vácuo semelhante.
Os protestos nas ruas de Nova York e nas ruas de Boston continuam a ser, em larga medida, incoerentes, embora a resposta dos banqueiros de Wall Street, da polícia e dos líderes políticos na capital norte-americana tenha chegado perto da histeria.
É duvidoso que, no atual clima político, esses protestos tenham algum efeito. Mas o problema permanece: como fazer com que a economia volte a crescer? E como garantir que, quando o fizer, os benefícios sejam distribuídos de maneira mais equitativa?
Os plutocratas, por enquanto, continuam bem. A questão é definir por quanto tempo.
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