quinta-feira, outubro 06, 2011

CLAUDIO HUMBERTO

“É só acabarmos com as bandalheiras”
DEPUTADO PAULO MALUF (PP-SP) E SUA RECEITA CONTRA A ESCASSEZ DE RECURSOS PARA A SAÚDE

BOLSA VERDE PODE FRACASSAR POR FALTA DE ESTRUTURA 
A falta de estrutura e de fiscalização poderá condenar ao fracasso o programa Bolsa Verde, cujo anúncio pela presidente Dilma pegou de surpresa até os órgãos ambientais que farão sua gestão. O Ibama e o ICMBio nem sequer sabiam do programa. 
A Bolsa Verde – copiado do Bolsa Floresta do governo do Amazonas – vai distribuir R$ 300 por trimestre a famílias que preservem as reservas ambientais onde vivem.

NÃO DÁ 
O ICMBio, que dirigirá a Bolsa Verde, tem 300 fiscais para monitorar 8,44 milhões de hectares em doze parques nacionais na Amazônia. 

CLARÃO NA MATA 
Segundo o ICMBio, há 3.500 famílias em 31 reservas ambientais no Norte e Centro-Oeste. 
Elas invadem reservas com a ajuda de madeireiros. 

FIASCOS 
Outros dois programas similares foram fiascos: o Projovem, cancelado após R$ 1,6 bilhão, e o Bolsa Pesca, que naufraga com R$ 1,3 bilhão.

ÚLTIMA CHANCE 
A última tentativa de conciliação, na greve dos Correios, está marcada para segunda (10) no Tribunal Superior do Trabalho. 
Depois, só dissídio.

CONSELHO DO BB NÃO DISCUTIU MUDANÇA PARA SP 
A transferência sorrateira para São Paulo não foi discutida no conselho de administração do Banco do Brasil, nem o Palácio do Planalto foi consultado. 
O objetivo é fortalecer a campanha municipal do PT-SP em 2012. Cinco vice-presidentes paulistas do BB criaram fato consumado, após uso abusivo de “teleconferências” em substituição à presença física deles em Brasília. E já ampliaram seus gabinetes paulistanos.

I HATE BRASÍLIA 
A agência Lew Lara, que ganhou parte da verba publicitária de R$ 420 milhões do BB, já foi dispensada de investir em instalações em Brasília.

MUSCULATURA 
O ex-ministro Luiz Gushiken, réu do mensalão, está feliz com o BB em São Paulo: 
o PT ganha músculos, e sua protegida Lew Lara economiza.

ÊXODO SILENCIOSO 
O BB transfere setenta dos cem funcionários da Diretoria de Marketing para São Paulo. A diretoria de Mercado de Capitais já foi.

AOS TAPAS E BRONCAS 
Dilma se relaciona com assessores e ministros não apenas com o seu jeito búlgara de ser, à base de broncas. Agora, quando bem humorada, ela deixa fluir o lado “paz e amor”, saudando-os com tapas nas costas e na barriga. Dói muito, mas ninguém reclama. Até acha graça.

TÁ FEIA A COISA 
Quando vê o nome de Marcelo Odebrecht, o presidente da Vale, Murilo Pinto Ferreira, lê “Roger Agnelli”, e sente urticária. 
Mandou fazer pente fino nos contratos com a empreiteira e não gostou nada do que viu.

BARBA A JATO 
O ex-presidente Lula, que amigos banqueiros chamam de “Barba”, embarcou para Nova York com André Esteves (BTG) em seu jatinho para palestra no Waldorf Astoria. Fala hoje a banqueiros americanos.

MULTIPARTIDÁRIO 
Após a inclusão de Joaquim Roriz, então no PMDB, no caso Caixa de Pandora, e como a maioria de subornos a políticos ocorreu no governo de sua vice, Maria Abadia (PSDB), perde sentido a denominação de “mensalão do DEM” para o escândalo de corrupção no governo do DF.

AUTODEFESA 
Diretores do Instituto do Câncer foram ao Ministério da Saúde na tentativa de prorrogar, de novo, a decisão do MP que ordenou que a entidade demita 800 comissionados e contrate concursados. 

ATEUS DERROTADOS 
Caiu nas mãos do ministro Luiz Fux, que é judeu, uma ação da Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) para proibir no Planalto um “Culto à Glória de Deus”. O Estado é laico, mas a liberdade de culto é um direito. E o caso não era da alçada do Supremo Tribunal Federal.

LADOS OPOSTOS 
Situação inusitada em Fortaleza: a greve de professores deixou dois irmãos em lados opostos. O comandante da PM que cerca os manifestantes na Assembleia Legislativa é o coronel Pimentel, irmão do senador José Pimentel (PT), que diz lutar pela classe no Estado.

INTERFERÊNCIA 
Citado como líder de Estados bem tratados no Fundo de Participação (FPE), o senador José Sarney lavou as mãos sobre a ameaça de a Corte fixar nova tabela em 2012: “Isso seria uma interferência do STF”.

CONSTITUIÇÃO, 23 
“Será luz, ainda que de lamparina, na noite dos desgraçados”, disse Ulysses Guimarães há 23 anos, sobre a Constituição. 

PODER SEM PUDOR
UM POLÍTICO GENEROSO 
Deputado pelo Rio Grande do Norte, Djalma Marinho era reverenciado pelos colegas, mas, nos anos 80, foi derrotado na disputa para presidir a Câmara. Ele já tinha a idade avançada e a saúde debilitada, por isso os amigos José Sarney e Prisco Viana o visitaram preocupados.
– Estamos aqui para pedir a você não guardar ressentimentos – disse Sarney.
– Vocês não me conhecem – respondeu ele, com largo sorriso – Em toda a vida, eu não consegui guardar dinheiro, como vou guardar ressentimentos?
Ele morreria logo depois. Sem ressentimentos.

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