Quem nos faz infeliz?
PAULO SANT’ANA
ZERO HORA - 25/09/11
Ninguém tem o direito de tornar os outros infelizes.
A minha felicidade, de alguma forma, eu tenho a chance de construí-la, mas ela não pode ser destruída pelos outros. Se isso acontecer, está se verificando um desastre.
Há pessoas que tornam outrem infeliz sem consciência do dano tremendo que causam ao alvo do seu ataque.
Mas, muitas vezes, quem faz outra pessoa infeliz o faz por crueldade.
Eu não gosto de me fixar muito na maldade, ela é uma doença de quem a pratica.
Quero, no entanto, me fixar em quem infelicita os outros não tendo consciência disso.
Esse fato é muito frequente nas relações humanas.
Quero dirigir minha palavra para os chefes e para os que de alguma forma exercitam liderança no emprego, na família, em qualquer agrupamento social.
É muito difícil e delicado ser chefe ou líder. O centro dessa dificuldade é que o chefe tem o dever de respeitar a remota soberania dos seus liderados.
Deve auscultar a capacidade criativa e construtiva dos liderados e não permitir que ela seja desperdiçada. Quando isso acontece, o chefe está tornando infeliz o seu chefiado.
Eu diria que a melhor virtude de um chefe, de um líder, é tanto saber interpretar o silêncio dos seus liderados quanto fazê-los por alguma forma menos silenciosos. O chefe tem o dever de demonstrar a sensibilidade de permitir o desabafo dos seus chefiados.
A relação entre o chefe e o chefiado jamais poderá ser presidida pelo silêncio. Se o for, estará cavado o abismo. E o que me interessa é que esse abismo significa diretamente a infelicidade completa e lamentável do chefiado.
O pior é quando o chefe faz desse silêncio o seu método.
A fonte de infelicidade de uma pessoa não pode ser seu pai ou sua mãe.
Pai e mãe nasceram para fazer felizes os seus filhos, não há trauma maior na vida de uma pessoa que ser infelicitada por seu pai ou por sua mãe. Esse é um desastre tão imenso e, na maioria das vezes, irreparável quanto o de uma pessoa ser infelicitada por seu filho ou por sua filha.
A vida consiste também em ter-se a habilidade e a arte de não infelicitar os outros.
Não temos o direito de infelicitar ninguém. Só temos o direito de infelicitar a nós próprios.
Deus nos livre da sorte de infelicitarmos os outros.
E o pior é quando nas últimas contas, sem nos darmos conta, estamos infelicitando os outros no afã da nossa própria felicidade.
Cuidado, examine bem a vida que está vivendo e procure notar se você está infelicitando alguém. Se isso estiver ocorrendo, salde essa dívida com o seu infelicitado.
Há sempre tempo para parar de infelicitar os outros.
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