Jantar com Ahmadinejad
MOISES NAIM
FOLHA DE SP - 23/09/11
Minha esperança é que Lula ou outros amigos do Irã no governo brasileiro possam fazer essas perguntas a ele
Karim Sadjapour é meu amigo e colega no Carnegie Endowment, "think tank" (centro de estudos) onde trabalho. É também um dos maiores especialistas mundiais no Irã.
Alguns dias atrás Karim publicou um artigo no "Washington Post", um texto baseado em perguntas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad. Karim colheu as perguntas de ativistas iranianos pró-democracia e direitos humanos, que, obviamente, não têm acesso ao presidente. Como o Brasil é bom amigo do Irã e o presidente Lula desenvolveu laços pessoais estreitos com Ahmadinejad, pensei que seria boa ideia divulgar mais essas perguntas.
Minha esperança é que Lula ou outros amigos do Irã no governo brasileiro, quem sabe, possam formular as perguntas a ele diretamente -e discretamente.
Afinal, a explicação que Lula e o Itamaraty deram de seu longo silêncio público em relação às violações de direitos humanos no Irã, Cuba e Venezuela é que são mais eficazes quando transmitem suas mensagens reservadamente a Ahmadinejad, Castro e Chávez. Aqui, então, estão algumas perguntas que eles poderão colocar na próxima vez em que jantarem com o presidente Ahmadinejad.
-Seus adversários nas eleições de 2009, Mir Hossein Mousavi, 69, e Mehdi Karroubi, 73, estão sendo mantidos incomunicáveis há quase um ano. Com base em quê estão sendo mantidos em prisão domiciliar?
-A estudante de PhD Somayeh Tohidlou, 32, recentemente recebeu 50 chibatadas na prisão por ter "insultado" o sr. pelo fato de ter feito campanha por Mousavi em 2009. O sr. acredita que homens açoitarem mulheres por posições políticas é apropriado?
-O sr. disse em setembro de 2010 que "a liberdade é um direito divino". Isso se aplica aos bahai iranianos, que são perseguidos por praticarem sua fé, discriminados nos locais de trabalho e encarcerados por tentarem educar seus jovens, barrados das universidades? -A Transparência Internacional, a Freedom House e o Banco Mundial dizem que os índices de corrupção, mal-estar econômico e repressão durante seu governo são mais altos do que eram no Egito de Hosni Mubarak e na Tunísia de Ben Ali. O sr. acredita que não terá o mesmo destino que eles?
-Os protestos antigoverno no Irã em 2009 foram significativamente maiores do que quaisquer protestos no Oriente Médio este ano, mas o sr. aludiu aos manifestantes como "poeira e sujeira". Por que?
-Durante sua presidência, o Irã vem tendo o mais alto índice per capita de execuções no mundo, incluindo execuções públicas recentes e a morte de acusados de serem homossexuais. O sr. se orgulha desse histórico?
-Ali Vakili Rad, condenado pela França em 1991 pelo assassinato brutal a facadas do ativista democrático iraniano Shapour Bakhtiar, 77, em Paris, teve uma recepção oficial de herói no aeroporto de Teerã ao ser libertado da prisão no ano passado. Por que seu governo glorifica assassinos?
Estas são apenas algumas poucas perguntas que escolhi, mas há muitas outras. Elas garantirão um jantar interessante. E colocá-las é a coisa decente a fazer.
Karim Sadjapour é meu amigo e colega no Carnegie Endowment, "think tank" (centro de estudos) onde trabalho. É também um dos maiores especialistas mundiais no Irã.
Alguns dias atrás Karim publicou um artigo no "Washington Post", um texto baseado em perguntas ao presidente Mahmoud Ahmadinejad. Karim colheu as perguntas de ativistas iranianos pró-democracia e direitos humanos, que, obviamente, não têm acesso ao presidente. Como o Brasil é bom amigo do Irã e o presidente Lula desenvolveu laços pessoais estreitos com Ahmadinejad, pensei que seria boa ideia divulgar mais essas perguntas.
Minha esperança é que Lula ou outros amigos do Irã no governo brasileiro, quem sabe, possam formular as perguntas a ele diretamente -e discretamente.
Afinal, a explicação que Lula e o Itamaraty deram de seu longo silêncio público em relação às violações de direitos humanos no Irã, Cuba e Venezuela é que são mais eficazes quando transmitem suas mensagens reservadamente a Ahmadinejad, Castro e Chávez. Aqui, então, estão algumas perguntas que eles poderão colocar na próxima vez em que jantarem com o presidente Ahmadinejad.
-Seus adversários nas eleições de 2009, Mir Hossein Mousavi, 69, e Mehdi Karroubi, 73, estão sendo mantidos incomunicáveis há quase um ano. Com base em quê estão sendo mantidos em prisão domiciliar?
-A estudante de PhD Somayeh Tohidlou, 32, recentemente recebeu 50 chibatadas na prisão por ter "insultado" o sr. pelo fato de ter feito campanha por Mousavi em 2009. O sr. acredita que homens açoitarem mulheres por posições políticas é apropriado?
-O sr. disse em setembro de 2010 que "a liberdade é um direito divino". Isso se aplica aos bahai iranianos, que são perseguidos por praticarem sua fé, discriminados nos locais de trabalho e encarcerados por tentarem educar seus jovens, barrados das universidades? -A Transparência Internacional, a Freedom House e o Banco Mundial dizem que os índices de corrupção, mal-estar econômico e repressão durante seu governo são mais altos do que eram no Egito de Hosni Mubarak e na Tunísia de Ben Ali. O sr. acredita que não terá o mesmo destino que eles?
-Os protestos antigoverno no Irã em 2009 foram significativamente maiores do que quaisquer protestos no Oriente Médio este ano, mas o sr. aludiu aos manifestantes como "poeira e sujeira". Por que?
-Durante sua presidência, o Irã vem tendo o mais alto índice per capita de execuções no mundo, incluindo execuções públicas recentes e a morte de acusados de serem homossexuais. O sr. se orgulha desse histórico?
-Ali Vakili Rad, condenado pela França em 1991 pelo assassinato brutal a facadas do ativista democrático iraniano Shapour Bakhtiar, 77, em Paris, teve uma recepção oficial de herói no aeroporto de Teerã ao ser libertado da prisão no ano passado. Por que seu governo glorifica assassinos?
Estas são apenas algumas poucas perguntas que escolhi, mas há muitas outras. Elas garantirão um jantar interessante. E colocá-las é a coisa decente a fazer.
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