Evita e o professor
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SP - 07/09/11
SÃO PAULO - Com 2% das intenções de voto registrados pelo Datafolha, Fernando Haddad é hoje um candidato literalmente nanico. Pontua menos que os tucanos José Aníbal (5%), Bruno Covas (6%) e Aloysio Nunes Ferreira (10%). E está muito atrás da sua companheira petista Marta Suplicy (31%).
A diferença é acachapante, mas, nas atuais circunstâncias, não significa muita coisa a favor da senadora. A rejeição a Marta está na casa dos 30%. Como muitos outros no PT, Lula está convicto de que é bem mais fácil levar o novato ministro da Educação ao segundo turno e daí à vitória do que fazer com que Marta conquiste de novo a prefeitura. Ela seria o nome ideal para ser derrotada em grande estilo.
Mas não é tão simples convencer a base petista disso. No ambiente das plenárias, Marta ainda é tratada como uma espécie de Evita Perón. Haddad é apenas o menino do Lula, aquele professor da USP cuja carreira, política inclusive, foi feita à margem da vivência partidária.
Há hoje um descompasso entre esse sentimento da militância e o desgaste da senadora na máquina partidária. Lula pode ser o maior, mas não é seu único adversário.
Marta se queimou na eleição ao Senado, em 2010. Contratou Duda Mendonça à revelia do partido para fazer sua campanha e procurou desgarrar sua imagem da do PT, atrás do segundo voto tucano. Acabou eleita no sufoco. O chamado "grupo da Marta" se dissolveu em São Paulo e hoje dois de seus ex-secretários postulam suas próprias candidaturas a prefeito, mesmo sem ter chance nenhuma.
Uma eventual prévia pode conflagrar o PT paulistano. É tudo que Lula tenta evitar. O Datafolha diz que 40% dos eleitores estariam inclinados a votar no candidato indicado por ele. Lula já elegeu Dilma, o que não foi pouco. Mas estava passando o bastão diretamente à sucessora. E São Paulo sempre foi mais hostil ao lulismo que o resto do país. Veremos se ele passa pela prova do professor Haddad.
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