quinta-feira, agosto 11, 2011

ARTHUR VIRGÍLIO - Fim da euforia


Fim da euforia
ARTHUR VIRGÍLIO
BOLG DO NOBLAT

Os EUA encontram-se manietados e sem maiores margens para aumentar seu endividamento. A Europa lida com déficits fiscais insustentáveis. A China, com inflação já à altura de 6.6% ao ano, terminará por desacelerar o crescimento.

Óbvio que o Brasil não deixará de padecer as consequências desse quadro turbulento. Os sinais já estão dados: o desempenho da Bovespa é o pior dentre as economias emergentes e o segundo pior, se levarmos em conta a situação dramática vivida pela Grécia; é explosiva a combinação de inflação (6.81% em números anualizados) com juros estratosféricos e real sobrevalorizado; possíveis bolhas nos mercados de imóveis e de crédito e, finalmente, produtividade industrial em queda livre.

As medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central e pela Fazenda revelam-se insuficientes. A situação fiscal que Dilma herdou do governo do qual ela própria era figura chave, não é vista com realismo por uma equipe econômica tatibitati.

A mágica da artificialização do crédito chega ao fim. Passamos a depender exclusivamente da fome chinesa por commodities. Esta, infelizmente, poderá mostrar-se menos pantagruélica a partir do instante em que políticas de contenção da inflação naquele país sejam efetivamente adotadas. Menor crescimento chinês = sérios problemas para a economia brasileira.

O governo-cigarra de Lula começa a ser revisto e desmascarado. Interrompeu o ciclo de reformas estruturais. Criou as bases da crise fiscal que, agora, se soma, enquanto problema doméstico, aos reflexos das dificuldades do mundo.

Chegou o inverno e a cigarra não preparou agasalho para os brasileiros. A conta começa a chegar, nem bem nos livramos do “sapientíssimo” presidente que tudo sabia e tudo resolvia.

A crise mundial é semelhante àquela, bem recente, de 2008. Menos intensa ainda, porém grave a mais não poder. Os bancos, outra vez, serão testados, e os governos estarão descapitalizados para proteger os acionistas e o sistema.

Enquanto isso, o Brasil revive o delírio de Alice. Todos os dias um escândalo novo (o ultimo é o do Ministério do Turismo, que resultou, até o momento, na prisão de 40 pessoas; o ministro, certamente, é da política do “eu não sabia”) e Dilma Rousseff apenas administra a esquizofrênica relação de seu governo com as maltas que o povoam.

O mundo inteiro discute a crise econômica com prioridade. Somente o Brasil se dá ao luxo de olvidá-la porque seu tempo é gasto com as estripulias do ministério mais desqualificado de nossa História republicana.

Tempos duros virão!

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