sexta-feira, julho 01, 2011

RENATA LO PRETE - PAINEL

Causa suprapartidária
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/07/11

O Palácio do Planalto recebeu com alívio a ausência de repercussão negativa do novo recuo de Dilma Rousseff, que, depois de repetidas sinalizações em contrário, aceitou prolongar por mais 90 dias a sobrevivência dos mais de R$ 4 bi de "restos a pagar" do Orçamento de 2009, cedendo à pressão dos congressistas. À diferença do que ocorreu quando da reviravolta de opinião da presidente sobre o fim do sigilo eterno de documentos oficiais, agora ninguém deu um pio.
Ocorre que deputados e senadores da oposição têm uma fatia desse bolo. Isso foi lembrado a eles, por emissários do governo, durante a longa negociação que resultou no anúncio da noite de quarta-feira.

Menos, menos Dilma não gostou da forma como Guido Mantega explicou a prorrogação do decreto. Avalia-se que o ministro da Fazenda "carregou" na questão da austeridade, falando inclusive em congelamento de emendas deste ano. Tanto que, logo depois, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) deu novas declarações.

Vai saber 
Ainda que o autoproclamado violador de e-mails de Dilma tenha relatado insucesso na tentativa de vender o material para políticos do PSDB e do DEM, é forte o temor no Planalto de que exista algo dessa correspondência eletrônica, eventualmente com adulterações, nas mãos da oposição.

Pé no freio 
Em resposta à aprovação, pela CCJ do Senado, de projeto que ameaça o mandato dos congressistas que migrarem para o PSD, aliados de Gilberto Kassab acionaram o senador Sérgio Petecão (AC) para recolher assinaturas a fim de levar o texto ao plenário da Casa, evitando que ele siga diretamente para a Câmara.

Hit 
A votação do Senado foi tema de jantar promovido anteontem por Kassab com seus apoiadores em Brasília. Eles classificaram a iniciativa de "factóide" e "terrorista". Alguns disseram, porém, que ela serviu para deixar claro quem, no Senado, quer ver o PSD morrer na praia.

Veja bem 
Francisco Dornelles (PP-RJ) diz que votou a favor do projeto por considerar que o PSD não deve ter "o monopólio da janela" para a troca de legendas. O senador nega ter dito que gostaria de "dar um troco nesse menino", referindo-se a Kassab. "Não é meu estilo."

Cartola 1 
Reunidos com Henrique Fontana (PT-RS), relator da reforma política na Câmara, líderes peemedebistas propuseram a criação de um "listritão", espécie de mix dos sistemas de votação defendidos por PT e PMDB.

Cartola 2 
Pela ideia, metade das cadeiras na Câmara seria preenchida pelo método do "distritão", defendido por Michel Temer. A outra metade, pelo sistema de lista fechada de candidatos definida previamente pelos partidos, como advoga o PT.

Fui? 
Às vésperas de o grupo de Marina Silva oficializar a saída do PV, o deputado Alfredo Sirkis (RJ), que devido ao risco de perder o mandato ainda não decidiu se seguirá ou não a ex-senadora, embarcou para um encontro com os verdes argentinos, em Buenos Aires: "Vou dizer 'adiós, muchachos'".

Road show 
Depois da investida no cinturão vermelho do ABC, o governo paulista reuniu ontem 12 dos 15 deputados da região de Campinas para apresentar um plano de desenvolvimento encomendado à Unicamp.

Visita à Folha 
Orlando Silva (PC do B), ministro do Esporte, visitou ontem a Folha. Estava com Iris Campos e Regina Pires, assessoras de comunicação, e Rodrigo de Carvalho, assessor.

com LETÍCIA SANDER e RANIER BRAGON

tiroteio

"A coisa funciona assim: o governo não pode intervir no mercado, mas os supermercados podem intervir no governo."
DO PRESIDENTE DO PPS, ROBERTO FREIRE, sobre o anúncio do empresário Abílio Diniz de que obteve recursos do BNDES para levar adiante o plano de fusão, no país, entre o seu Pão de Açúcar e o Carrefour.

contraponto

O lado B de FHC
Chamado a discursar de improviso na festa organizada pelo PSDB em homenagem aos 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, Tasso Jereissati disse que tinha ouvido muitos elogios ao ex-presidente.
-Mas você tem defeitos também... -provocou.
Depois de insinuar que a vaidade seria um deles, Tasso citou a folclórica mão fechada de FHC:
-Íamos à sua casa e você nos recebia com aquelas amostras grátis de chocolates. Não era pão-durismo. Apenas zelo para que não engordássemos.

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