Jogada de risco
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 03/06/11
Uma ala do PT, a que elegeu o deputado Marco Maia (RS) presidente da Câmara e fez de Paulo Teixeira (SP) o líder da bancada, está pregando o rompimento do acordo com o PMDB. Este grupo quer eleger outro petista presidente da Câmara. O comportamento dos petistas na votação do Código Florestal na Câmara e o suposto cochilo que resultou na convocação de Palocci, para depor na Comissão de Agricultura, são fruto deste embate.
A luta interna petista
Esta ala, que não ficou satisfeita com seu quinhão no governo Dilma, também aposta no enfraquecimento do ministro Luiz Sérgio (Relações Institucionais) e do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Este movimento tem a batuta de integrantes das tendências Mensagem (Democracia Socialista), Movimento PT e PT de Luta e de Massas. Por isso, os petistas da maior tendência, a Construindo um Novo Brasil, pretendem retomar a liderança da bancada e reagir aos movimentos para desestabilizar seus quadros no governo. Esta autofagia explica tanto a paralisia na defesa de Palocci quanto seu abandono.
"Nós não temos o direito de tentar bombardear o ministro Palocci para desestabilizá-lo. É um desserviço ao Brasil. Não é justo com a presidente Dilma” — Delcídio do Amaral, senador (PT-MS)
REDUÇÃO DE DANOS. Em missão de paz, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa (na foto), foi enviado pelo
chefe (Guido Mantega) do outro lado da Esplanada para aplacar a irritação do colega Garibaldi Alves (Previdência), que ainda não tinha sido chamado a participar da formulação da desoneração da folha. “Essa história de ser atropelado pela Fazenda não é nova, é antiga. Se eu me sentisse atropelado eu já estaria ou num estágio de coma ou na UTI”, comentou Garibaldi.
Por acaso
Foi parar no ministro Antonio Palocci (Casa Civil) o foco da câmera que filmava o discurso da presidente Dilma no lançamento do Brasil Sem Miséria, exatamente no momento em que ela fala “brasileiro brilhante, destemido e corajoso”.
Como de hábito
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) aproveitou o ato do "Brasil sem miséria" para entregar carta ao ministro Antonio Palocci, cobrando que ele se explique. Suplicy disse que já tinha enviado um e-mail. Palocci teria dito que não recebeu.
Barata-voa na base do governo
O PT e o PMDB, em duas situações distintas, adotaram postura semelhante diante da presidente Dilma Rousseff. Na votação do Código Florestal na Câmara, o PMDB patrocinou a emenda dos ruralistas derrotando a posição da presidente. No caso Palocci, um dia depois de a presidente reunir o Conselho Político, no qual o ministro Antonio Palocci pediu apoio à base governista, recrudesceram no PT as críticas e as cobranças.
Na onda
O DEM decidiu criar ontem o Observatório do Brasil Sem Miséria. O objetivo é acompanhar a execução do programa anunciado pelo governo Dilma e localizar focos de miséria que, eventualmente, não venham a ser contemplados.
Eu fico
O governador Eduardo Campos (PE) e o ex-ministro Ciro Gomes tiveram uma longa conversa ontem, em Brasília. Ciro garantiu que está fechado com o projeto político do PSB e que não tem planos de ingressar em outro partido.
MARXISTA DE FÉ. A deputada Jô Moraes (PCdoB-MG) diz que vai dar uma medalhinha de “Nossa Senhora Desatadora de Nós” para a presidente Dilma.
FARINHA DO MESMO SACO. Ex-tucano, o deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) minimiza sua filiação ao PMDB, amanhã: “Todos os partidos são iguais”.
● A IMPRENSA Oficial de São Paulo lança na terça-feira, no Senado, o livro “Mario Covas, democracia: defender, conquistar, praticar”. Organizado por Osvaldo Martins, ele narra em 352 páginas momentos importantes da trajetória política de Mario Covas.
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