"Conversar, conversar, conversar"
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/06/11
Apesar de registrar que a aprovação do governo Dilma até oscilou dois pontos para mais, a pesquisa Datafolha de domingo (12) trouxe duas más notícias para a presidente:
Houve queda na aprovação do governo entre os que têm curso superior, e a avaliação pessoal dela piorou em três dos quatro adjetivos pesquisados.
Pesquisas são indicadores que servem para avaliações, ajustes e até correções de rumo.
Tomando-se as conclusões do Datafolha, tem-se que a situação é ainda muito confortável, mas com um leve sinal amarelo, de alerta.
Primeiro, porque a percepção sobre governos começa pelos que têm ensino superior e decanta para as demais faixas.
Segundo, porque o encanto com Dilma já não é mais o mesmo.
Os que consideram Dilma ‘decidida’ caíram de 79% para 62%; ‘muito inteligente’, de 85% para 76%; ‘sincera’, de 65% para 62%.
A avaliação só melhorou num item. Os que a veem como ‘democrática’ passaram de 44% para 52%.
Aparentemente, há uma reação racional e outra emocional. Apesar de 64% dizerem que é bacana Lula participar das decisões da sucessora, a imagem da mulher poderosa desliza de ‘decidida’ para ‘democrática’ — o que tem sutis implicações simbólicas.
A relação com Lula é a tal faca de dois gumes que a gente tem discutido aqui.
Com as posses de Gleisi Hoffmann na Casa Civil e Ideli Salvatti na articulação política, Dilma dá mais um grito de independência, depois de imprimir um estilo mais composto à Presidência, garantir uma posição mais firme do Brasil em direitos humanos, não se imiscuir na eleição do Peru e enviar uma carta de estadista ao adversário Fernando Henrique.
O problema é a relação com o Congresso. Ideli promete ‘conversar, conversar, conversar’, mas talvez isso não baste para garantir a fidelidade do PMDB e do PT ao triunvirato feminino. Eles são necessários, mas não confiáveis.
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