Para o mundo admirar
CARLOS HEITOR CONY
FOLHA DE SÃO PAULO - 26/06/11
RIO DE JANEIRO - Não deram muita atenção a uma advertência do deputado Romário sobre os preparativos da próxima Copa do Mundo, a ser sediada no Brasil em 2014, isso se a Fifa não mudar de ideia.
Em seu primeiro mandato, o baixinho começa a entender do negócio e observa a cena política e administrativa como antes observava os lances no gramado.
Ele disse o que todos estamos começando a pensar. Apesar das boas intenções, e do jeito como as coisas estão indo, ainda que façamos a Copa de 2014, ela não terá o brilho que nosso orgulho esportivo pretende.
Romário acredita na Copa, mas acha que ela será problemática em termos de infraestrutura. Afinal, ele é do ramo e sabe como as coisas se passam dentro e fora dos campos.
Para ter uma ideia, na metade do ano em que estamos, ainda se discute sobre as licitações sigilosas ou não que prepararão os estádios, as vias de acesso, os alojamentos, os transportes e outros quesitos de importância vital para a realização de um grande evento mundial.
Evidente que as grandes empreiteiras, com equipamentos e pessoal especializado, algumas até com know-how internacional, estão assanhadíssimas para participar do suntuoso banquete que, bem ou mal, o Brasil terá de promover. Entre elas, será uma briga de facão em quarto escuro. O que rolará de pressões e comissões não será mole.
Temos tradição quando o Estado se vê obrigado a preparar tão grandioso bolo.
Todos os ingredientes, o tamanho das obras e o pouco tempo disponível também serão fatores para fazer da Copa, senão um escândalo, mais um novo canal do Panamá, que deu o nome (Panamá) às grandes mutretas.
Independentemente dos resultados esportivos, o país terá de dar, como disse o compositor Ary Barroso em sua "Aquarela do Brasil", "para o mundo o que admirar".
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