IPOs adiados pelas incertezas devem deslanchar no segundo semestre
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 26/04/11
Com as incertezas globais e a Bolsa com fraco desempenho, as operações de abertura de capital no primeiro trimestre deste ano foram menos animadoras do que muitos no mercado esperavam.
Fusões e aquisições demonstraram, em comparação, desempenho robusto.
Diante das incertezas, algumas empresas adiaram seus IPOs (Ofertas Públicas Iniciais, na sigla em inglês) para os próximos meses ou os suspenderam.
Advogados e executivos de bancos afirmam que esperam um segundo semestre mais aquecido.
"Trabalhamos em 13 operações para serem concluídas até julho ou no segundo semestre", diz Rodrigo Junqueira, sócio do Lefosse. O escritório afirma avaliar ainda 15 outras operações com expectativa de fechamento até o final deste ano.
Das 12 ofertas registradas na CVM no período, o Lefosse participou de seis. As operações envolvem IPOs e emissões consecutivas.
"Os projetos variam de R$ 500 milhões a R$ 1,5 bilhão, na maioria dos casos, mas há ofertas que ultrapassam os R$ 5 bilhões", afirma Junqueira.
Os escritórios Mattos Filho e Barbosa, Müssnich & Aragão fecharam quatro operações cada um no primeiro trimestre deste ano.
"Assessoramos um grande número de empresas que estão finalizando o "dever de casa" para poderem ir a mercado", diz Jean Marcel Arakawa, sócio do Mattos Filho.
No Barbosa, Müssnich & Aragão, as operações do escritório no período somaram R$ 6,3 bilhões. "O segundo trimestre começou com novas operações e estamos preparando as equipes para um segundo semestre de bastante trabalho", diz Camila Goldberg, sócia do escritório.
Em contrapartida, as operações de fusões e aquisições, menos sensíveis à alta dos preços do petróleo e à instabilidade externa, avançaram no período.
O escritório Mattos Filho já assessorou 18 operações de fusões e aquisições concluídas neste ano e tem outras 120 em andamento.
Cresce deficit da balança comercial de máquinasA ameaça chinesa avança sobre o setor de máquinas pesadas, segundo empresários da indústria. No primeiro trimestre, a balança comercial de bens de capital sob encomenda teve saldo negativo de US$ 349,4 milhões.
O número mais que dobra perante o deficit de US$ 125,1 milhões de igual período de 2010, segundo a Abdib.
As importações, que somaram US$ 1,45 bilhão, com alta de 51% ante igual período do ano passado, cresceram com maior velocidade que as exportações.
Crescimento da economia brasileira e de investimentos em infraestrutura resultam em volume maior de compras, segundo a Abdib.
"O problema, do setor de bens de capital sob encomenda e do de bens de capital seriados, é competitividade. A China, um dos principais concorrentes, montou capacidade de produção muito grande. Eles têm escala enorme", diz Paulo Godoy, presidente da entidade.
Com alta de 32%, as vendas ao exterior somaram US$ 1,11 bilhão no período.
"Durante a missão do governo brasileiro à China, abordamos o desafio de agregar valor à pauta de exportação. O setor de bens de capital sob encomenda tem potencial", diz Godoy.
SINISTRO COLETIVO
O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a um grupo de empresas, integrantes de apólice coletiva composta por cerca de 60 segurados, uma liminar que impede que a seguradora Allianz Saúde aplique aumento de cerca de 75% no valor do custo de seus planos de saúde.
A determinação é que o aumento ocorra com base no índice oficial da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) de aproximadamente 6%. Cabe recurso.
A seguradora justificava o aumento pelo elevado índice de sinistralidade do grupo de segurados.
A Allianz Saúde afirma que "é comum uma seguradora firmar contrato com outras empresas incluindo cláusula de repasse da sinistralidade".
Segundo a empresa, raramente questões do tipo tiveram como consequência ações judiciais, já que são permitidas negociações.
"A Agência Nacional de Saúde Suplementar estabelece que só os planos individuais ou familiares estão sujeitos ao índice anualmente por ela autorizado", segundo a companhia.
"Para os contratos coletivos, valem as regras acordadas em contrato", informa a Allianz Saúde, que atua no segmento de coletivos.
Taça...
A comercialização de vinhos brasileiros cresceu 5% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2010. Os dados são do Ibravin e consideram a produção do Estado do Rio Grande do Sul, responsável por 90%.
...cheia
O destaque foi a venda dos vinhos finos tintos, que subiu 15,6% e bateu recorde. O volume de 1,88 milhão de litros é o maior da história para um primeiro trimestre, superando o recorde de 2007.
Borbulhas
As vendas de espumantes, porém, recuaram 4,1%. "Muitas empresas terminaram 2010 sem estoques. A lenta reposição não foi suficiente para atender a demanda", diz Júlio Fante, presidente do instituto.
PREVIDÊNCIA PRIVADA
O advogado Pierre Moreau, sócio do Moreau & Balera Advogados e da Casa do Saber, lança nesta quinta-feira o livro "Responsabilidade Jurídica na Previdência Complementar" (editora Quartier Latin, com 264 páginas).
O autor trata e analisa em profundidade a responsabilidade jurídica dos gestores dos recursos garantidores das entidades de previdência complementar. O lançamento será na Livraria da Vila, no Itaim, em São Paulo.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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