Competição e competência
ROBERTO SIMÕES
O GLOBO - 14/02/12
É mais que simples reconhecimento histórico afirmar que as micro e pequenas empresas (MPEs) sempre foram fundamentais na promoção do desenvolvimento econômico e social do Brasil. Trata-se, antes de tudo, de louvar a esperança de milhões de empreendedores por este país afora que, dia após dia, repetem: eu acredito! O Sebrae, tenham certeza, sempre acreditou junto. E transformou esta convicção numa parceria da qual tem razões - e muitas - para se orgulhar. Não é por acaso que as MPEs empregam nada menos que a metade da mão de obra formal brasileira e respondem por 20% da geração do PIB.Estamos seguros de que esta correlação pode se tornar ainda mais significativa com mecanismos de apoio como os oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, seja em nível nacional, seja em estados como Minas Gerais. Sobretudo porque, nos últimos anos, privilegiamos as estratégias de longo prazo ancoradas em conceitos voltados, acima de tudo, para inovação, competitividade e parcerias capazes de tornar os produtos e serviços reconhecidamente qualificados. Em resumo, abandonou-se o modelo da simples indicação de consultoria e partiu-se para aquele de objetivos duradouros e consistentes.
O Sebrae-MG fez uma evolução em seus quadros profissionais, redesenhou sua estrutura orgânica, voltando-se às áreas de inteligência e de criação de projetos. Enfim, solidificou-se como entidade capaz de atender as MPEs em suas demandas essenciais, seja quanto à adoção de tecnologias inovadoras ou à orientação para obtenção de crédito. É plenamente possível confiarmos que, em uma década, a representatividade das micro e pequenas empresas na economia atinja níveis ainda mais altos, a exemplo de países como Itália e Espanha, acima de 50% do PIB, o que significaria mais do que dobrar a sua participação.
É necessário, para isto, manter as políticas públicas ora em curso, para que sigam garantindo o desenvolvimento deste setor. O Sebrae, presente nos 27 estados da Nação, tem não só capacidade, como capilaridade, para interiorizar e expandir esta experiência vitoriosa. Especialmente num ambiente em que a Lei Geral das MPEs, e, noutra ponta, o programa do Empreendedor Individual, implantados pelo Governo federal, abrem novas perspectivas de negócios e inclusão social. Foram processos desburocratizadores que, para além disso, simplificaram impostos e ampliaram o leque de oportunidades para empreendedores de todo o país.
Naturalmente, ainda há muito o que ser melhorado, a despeito da extraordinária expansão em nossa relação com as MPEs. Precisamos, reconhecidamente, crescer em duas frentes: no atendimento individual, buscando o microempreendedor onde quer que esteja, e nos diagnósticos que nos credenciem a propor a adoção de soluções cada vez mais inteligentes diante de um mercado em que competitividade é palavra-chave. Daí a relevância do grau de qualificação de nossas equipes, um aspecto que tem nos permitido ajudar as micro e pequenas empresas a seguir sempre além dos planos de curto prazo.
Em se tratando de projetos coletivos, isto levou ao reconhecimento do Sebrae-MG como referência nacional e na América Latina. Implantado a partir de 2008, o Programa Foco Competitivo, dirigido a Arranjos Produtivos Locais (APLs), os chamados clusters, assegurou resultados robustos na adoção de metodologias inovadoras. Elas representaram a formação de parcerias, ganhos em produtividade, informação de qualidade, requalificação dos produtos e, finalmente, ganhos em competividade - o objetivo de qualquer negócio.
Como nosso maior patrimônio é a capacidade de compartilhar conhecimento, convertê-lo em sinônimo de competência, o Sebrae-MG se espelha neste período fértil de crescimento, particularmente expressivo nos últimos quatro anos, para continuar encarando os desafios como missões. E reafirmar que está pronto para seguir a serviço do Brasil, de Minas e dos mineiros.
ROBERTO SIMÕES é presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae.
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