Discussão e só
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 24/02/11
Passada a votação do mínimo, Dilma Rousseff deverá fazer uma série de acenos, entre eles receber as centrais sindicais, cujas demandas são conhecidas: os sindicalistas, entre outros temas, cobrarão a abertura de discussão sobre a ampliação de benefícios aos aposentados, além de opções ao fator previdenciário.
Quem priva da rotina da presidente, contudo, sabe que ela não demonstra disposição de promover mudanças imediatas. Ontem, ao receber o senador Paulo Paim (PT-RS), que lhe cobrou a mesma pauta, a petista deu o sinal: "O termo é exatamente esse, senador: abrir discussão! Com isso, eu me comprometo".
Foto oficial
Em novo gesto simbólico pós-votação do mínimo, Dilma também deve receber nos próximos dias os líderes dos partidos que integram a base aliada. Será o primeiro encontro do gênero desde sua posse.
Anote aí
De Roberto Requião (PMDB-PR), sobre a dissidência na votação do mínimo no Senado: "Me retaliar é impossível. Minha única indicação neste governo é a da própria Dilma".
Dentro
Engana-se quem espera que, com o mínimo resolvido, o segundo escalão sairá num estalar de dedos. No Planalto, ouve-se que Dilma resolverá o quadro a conta-gotas e só fará anúncios quando estiver totalmente convencida de cada caso.
Fora
O governo também nega que estejam confirmadas nomeações dadas pelos partidos como certas. É o caso de Geddel Vieira Lima na vice-presidência de Crédito de Pessoa Jurídica da Caixa.
Trilha sonora
Quem ligou para o Itamaraty na terça-feira, quando passaram por lá tanto a ministra de Negócios Estrangeiros da França, Michèle Alliot-Marie, defendendo os Rafale, quanto o senador americano Max Baucus, do lobby em favor do Boeing, ouviu ao telefone, como música de fundo, "Under Pressure", do Queen.
Reflexões 1
Do senador Francisco Dornelles (PP-RJ), rejeitando a crítica de que a proposta do "distritão" favoreceria apenas os candidatos a deputado que dispõem de mais recursos para as campanhas: "No sistema atual, proporcional aberto, o endinheirado pode se eleger, e os seus votos podem eleger candidatos sem voto".
Reflexões 2
Continua o senador: "No "distritão", o endinheirado também pode se eleger, mas os seus votos não podem ser usados para eleger candidatos sem voto. Por fim, no voto em lista fechada, o endinheirado pode se eleger comprando um bom lugar na lista".
Sucessão
Andréia Quércia, filha de Orestes Quércia, deve assumir o comando da Coordenadoria Especial de Programas para a Juventude do governo paulista no lugar de Mariana Montoro Jens, neta de Franco Montoro.
Pop
Garoto-propaganda informal do governo de Geraldo Alckmin, o ex-jogador Ronaldo vai retirar nova carteira de identidade e providenciar o primeiro documento para dois filhos amanhã na agência do Poupatempo de Santo Amaro. Integrante do comitê da Copa, marcou atendimento para as 15h.
Voltagem
Em meio aos apagões em série em São Paulo, o secretário José Aníbal (Energia) reuniu-se ontem com colegas de 17 Estados. Recebeu a incumbência de criar um canal direto com a Aneel e o Ministério das Minas e Energia. Entre os pleitos dos governos estaduais está o aval da União para concessões de centrais hidrelétricas de alcance regional.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI
tiroteio
"O Brasil viu quem votou por um salário mínimo justo. E que a sigla PT significa tudo, menos Partido dos Trabalhadores."
DO SENADOR FLEXA RIBEIRO (PSDB-PA), sobre a derrota das emendas apresentadas pela oposição na tentativa de fixar um valor superior aos R$ 545 propostos pelo governo.
contraponto
Pai da matéria
Anteontem à noite, véspera da votação do salário mínimo no Senado, uma jornalista encontrou o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que se dirigia ao gabinete do senador Romero Jucá (PMDB-RR).
-E aí, vão discutir os cargos do PMDB?- perguntou a repórter, referindo-se ao segundo escalão.
Alves, que, como líder da bancada na Câmara, entregou cem por cento dos votos peemedebistas em favor dos R$ 545 desejados pelo governo, brincou:
- Não, vou ensinar ao Jucá como é que se faz para garantir a unanimidade!
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