sábado, fevereiro 12, 2011

FERNANDO DE BARROS E SILVA

Um partido para Serra?
FERNANDO DE BARROS E SILVA
FOLHA DE SÃO PAULO - 12/02/11


SÃO PAULO - Sair do DEM para onde? O PMDB? O PSB? Fundar um novo partido?! De todas as opções políticas postas diante de Gilberto Kassab, a última é a que mais interessa a José Serra. Nada por ora está claro, nem existe a certeza de que o prefeito e seu padrinho estarão no mesmo barco mais adiante.
A possível fundação do PDB (Partido da Democracia Brasileira), no entanto, além de não jogar Kassab no colo da aliança governista, abriria a Serra uma perspectiva de vida política fora do PSDB, onde suas pretensões parecem ser cada vez menos viáveis.
É claro que não é trivial deixar uma legenda que ajudou a fundar e com qual está identificado, abrindo mão de uma estrutura já montada. Mas Serra já disse a vários interlocutores, desde antes da eleição, que cogitava criar um novo partido.
A oposição vive um momento muito ruim. Além de ter encolhido no Congresso, está se autodevorando. O DEM definha em praça pública. E o PSDB se esforça para evitar (ou adiar) uma guerra fratricida que passa pelo comando do partido, mas vai muito além disso.
Geraldo Alckmin hoje se equilibra, tentando desempenhar a função de moderador entre o novo apetite de Aécio e a velha insistência de Serra. Ao governador paulista interessa aparecer como uma espécie de gestor da política do "café com leite" e fiador da unidade tucana. A despeito disso, a percepção de que o PSDB ficou pequeno demais para Serra e Aécio nunca foi tão nítida.
Sem mandato, Serra ainda tem algum poder no partido para vetar ou melar decisões que o desagradam, mas, hoje, não reúne mais forças para se impor ou construir o seu próprio caminho. Sua liderança é, em grande medida, paralisante.
Isso não quer dizer que Serra deixará o PSDB, mas que existe essa conversa. No curto prazo, ele conta com Alckmin para segurar Aécio. E torce para que Kassab lhe abra uma outra porta. Ficou dependente dos seus sucessores -o prefeito e o governador. É uma ironia. É a política.

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