Pé quebrado
Renata Lo Prete
Folha de S.Paulo - 11/10/2010
O QG de Dilma Rousseff se preocupa com a situação da campanha em Minas Gerais. Sabe que, para administrar a vantagem da petista sobre José Serra, é fundamental garantir que o tucano não avance substancialmente no segundo colégio eleitoral do país, onde ela venceu por larga margem no primeiro turno.
Ocorre que, não obstante o resultado de Dilma, o exército lulista foi dizimado em Minas. Frustrado na disputa pelo governo, Hélio Costa (PMDB) é um poço de mágoas. E os petistas Patrus Ananias e Fernando Pimentel não param de brigar. Já do lado do PSDB, os vitoriosos Aécio Neves e Antonio Anastasia não se sentem mais tão impedidos de pedir votos para Serra.
Então tá A profusão de menções religiosas na propaganda de Dilma representa uma inflexão no pensamento de João Santana. De início, o marqueteiro resistiu à pressão de políticos da campanha para levar ao programa de TV um dos assuntos que morderam o calcanhar da candidata petista na reta final do primeiro turno.
Matemática Em reuniões noturnas no Palácio dos Bandeirantes, o governador Alberto Goldman (PSDB) analisa com prefeitos aliados de cidades com mais de 200 mil habitantes o mapa da votação de Serra em São Paulo e lhes repassa a meta: elevar a vantagem do tucano sobre Dilma no Estado de três para dez pontos percentuais.
Mais verde Para embalar a corte de Serra ao eleitorado de Marina Silva (PV), o governo tucano turbinará as inaugurações "ambientalmente corretas" até o final deste mês. Programas como o do ônibus a álcool ganharão mais visibilidade.
Enquanto isso O PT de São Paulo assiste com alguma preocupação aos movimentos do campo adversário. A campanha de Dilma no Estado só começou a dar sinais de voltar a funcionar no final da primeira semana do segundo turno.
Pensando bem Observação de um veterano do Congresso: o bordão "pior do que tá não fica", com o qual o campeão de votos Tiririca (PR-SP) causou tanto furor, é menos pessimista que o de Ulysses Guimarães, segundo quem "cada nova legislatura é pior do que a anterior".
Cabeça... Na disputa de bastidores que travam pela presidência da Câmara em 2011, tanto o PMDB quanto o PT já articulam reforços para suas respectivas fileiras. Em movimentação com origem no Rio, o partido de Michel Temer negocia com o PSC a formação de um bloco de 95 deputados federais.
...a cabeça Em resposta, o PT sinaliza a intenção de atrair o PRB do vice-presidente José Alencar para um bloco que teria 96 deputados. Quase sempre, a maior bancada elege o presidente.
Conexões Decidido a se candidatar à sucessão de Michel Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) espera contar com a ajuda do amigo Aécio Neves (PSDB-MG), recém-eleito senador, para angariar apoio entre os deputados tucanos.
Gritaria As declarações de Eliana Calmon, nova corregedora do CNJ, sobre um caso de corrupção na Justiça paulista provocaram reações iradas de magistrados do Estado -e de outros também.
Missão de paz Nesta quinta-feira, Calmon recebe o presidente da associação dos magistrados paulistas, que divulgou nota contra as manifestações da ministra. A entidade quer convidá-la para uma videoconferência, ainda neste mês, na tentativa de aparar arestas.
tiroteio
"É impressionante como o pessoal da direção do PT não atende telefone. Falta material de campanha, e não atendem. Não dá pra ganhar eleição assim."
DO PETISTA LINDBERG FARIAS, recém-eleito senador pelo Rio de Janeiro, relatando dificuldades para trabalhar por Dilma Rousseff neste segundo turno.
contraponto
Fazer o quê?
Coordenador da campanha reeleitoral do irmão Cid ao governo do Ceará, Ciro Gomes (PSB) era puro entusiasmo na festa da vitória, em Fortaleza. Disse que sentia "dor" apenas quanto à derrota de seu padrinho político, Tasso Jereissati (PSDB), que não conseguiu renovar o mandato de senador.
Ao ser lembrado de que, em 2011, tanto ele como Tasso estarão sem mandato, o deputado filosofou:
-É assim mesmo: o tempo passa, o tempo voa. Só a Luiza Brunet continua numa boa...
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