Ninho vazio
Roberto Zentgraf
O GLOBO - 30/08/10
Ter assistido ao excelente filmetítulo do artigo de hoje ("El nido vacio", produção argentina de 2008, de Daniel Burman) estimulou-me a abordar algo que entendo ser importante para quem se lança no projeto de morar em seu próprio canto: refiro-me aos custos envolvidos em tal empreitada, itens que nós, mais velhos, conhecemos bem, mas que os mais novos, por ânsia, pressa ou mesmo puro desconhecimento, acabam por desconsiderar, gerando desequilíbrios financeiros decerto evitáveis.
Por enquanto, tal preocupação não me incomoda pois meus filhos, Maria Luiza e Rodrigo, não têm idade suficiente para tais demandas; mas o que dizer ao amigoleitor que precisa de orientação para, em última análise, evitar que os custos esquecidos pelos seus rebentos não caiam em seu próprio colo? Passemos então uma lupa na questão da moradia, cujo custo não se restringe apenas ao aluguel, variável em função do tamanho e localização, e que deve ser considerado, mesmo que o imóvel seja de sua propriedade, não só porque você deixará de ter essa renda, mas também porque, um dia, o filhomorador precisará arcar com suas próprias despesas.
(1) IPTU: Assim como o aluguel, varia em função do tamanho e da localização do imóvel; para quem começa a vida, julgo prudente verificar com calma o valor do imposto, trocando uma localização melhor por uma área maior, ou vice-versa. Obviamente a escolha acompanhará o perfil do morador: é melhor morar um pouco mais longe e ter uma sala legal para receber amigos ou um sala-quarto apertado resolve, contanto que se esteja no centro da muvuca? (2) Condomínio: O tamanho influencia, mas o número de imóveis no prédio e a quantidade de mordomias contam mais: sauna, piscina e um monte de porteiros não saem de graça e, para quem começa a vida, talvez sequer façam diferença.
(3) Luz, gás, telefone: São proporcionais ao consumo e, assim, se o pimpolho é viciado em ar-condicionado, ou irá testar receitas mirabolantes ao fogão, valerá lembrálo de quanto esses hábitos irão pesar nas faturas mensais.
(4) TV a cabo, internet, videolocadora: Pelo que vejo aqui em casa, os meus não conseguem viver sem; chego até mesmo a imaginar que, se fossem morar sozinhos, talvez preferissem estes itens aos mais tradicionais, como banho quente ou cama feita! (5) Alimentação: Há uma tendência a economizarem neste item, mas mesmo os que almoçam fora, perto do trabalho, tomam café da manhã e eventualmente jantam em casa, mesmo que às custas de congelados e, não custa lembrar, a alimentação precária de hoje vira a gripe de amanhã! (6) Empregados: Diaristas ou mensalistas, irão precisar e, neste último caso, deve-se acrescentar também os custos de passagem e INSS, além do consumo que irão fazer na casa.
(7) Lavanderia: Para quem inicia a vida, é proporcionalmente um custo alto caso precise trabalhar de paletó e gravata, por exemplo.
(8) Reserva de segurança: Não fiz contas aqui por que entendo que cada caso seja um caso.
Entretanto, recomendo que, após somar todos os custos que listei, use, como reserva, 5% a 10% do total, já que emergências e pequenas manutenções sempre acontecem, pode acreditar! Um grande abraço e até a próxima semana!
Roberto Zentgraf é coordenador dos MBAs do Ibmec Rio.
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