BB quer mais agência em cidade pequena e no exterior
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/08/10
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, quer que a instituição esteja presente em praticamente todos os municípios brasileiros, não apenas com correspondentes bancários.
Para isso implantará 2.550 agências complementares aos correspondentes que existem em pequenos municípios, em até quatro anos. Até o final de 2011, serão 600 agências que vão oferecer crédito e orientação financeira para investimentos.
O banco também se debruça sobre o crédito a universitários. A partir de amanhã, o BB vai passar a ser agente do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), que era exclusivo da Caixa.
Ainda que afirme que a Caixa é que tem a expertise para ser a primeira em crédito imobiliário, Bendine vai focar ainda mais o segmento. O BB estuda uma joint venture com uma incorporadora.
O projeto de criar outros braços no exterior segue forte. Bendine planeja comprar ao menos dois bancos nos EUA e associar-se a instituições na América Latina.
Mais agências
Estamos em 3.070 dos 5.565 municípios com correspondentes bancários, que dão assistência em pagamentos e recebimentos. Mas não oferecem crédito, educação financeira para que a pessoa possa fazer finaciamento de forma planejada, para melhorar de vida. Vamos atrelar ao correspondente um atendimento que contará com um gerente e um funcionário, pelo menos. Em até quatro anos, teremos 2.550 agências. Até o fim de 2011, 600. Em média, será um custo em despesas administrativas de cerca de R$ 500 mil ao ano em cada agência. Terão de gerar receita para cobri-los.
Crédito universitário
A partir de amanhã, o BB será agente do Fies que dá financiamento a universitários em instituições particulares, a juros de 3,4% ao ano. O prazo para pagar é de três vezes o do curso, mais um ano e um ano e meio de carência. Se depois de formado o aluno trabalhar cem meses como médico no SUS ou como professor da rede pública, não pagará o financiamento porque haverá abatimento de 1% da dívida a cada mês trabalhado. A inadimplência é alta nas mensalidades. Só vai valer para cursos que tenham nota 3 no Enade (que mede a qualidade de cursos).
Incorporadora
Vamos fazer uma joint venture com uma grande incorporadora, que receberá recursos do banco para fornecer crédito imobiliário em todo o ciclo. O BB terá direito de preferência para análise e concessão de crédito. Já temos carteira de R$ 2 bilhões, estamos no quinto lugar, e disputaremos a segunda posição. O primeiro lugar é da Caixa, pela expertise adquirida.
Bancos nos EUA
Por que uma estratégia diferente de outros bancos? A internacionalização do banco é para o longo prazo. Dada a relevância de grandes empresas no exterior, se nos compararmos a grandes bancos que são mundiais, temos de aumentar a escala. Em cinco anos, o país vai ficar pequeno. Estamos preparando o banco lá fora. Em até dez anos, a rentabilidade lá representará 10 %. Outros bancos estão se movendo também. Vamos continuar nesse papel de líder. O banco tem sido agressivo, mas com estratégia prudente e eficiência na expansão. Não há sangria desatada para compra, depende de preço. Nosso consultor recomendou 17 bancos nos EUA, vamos analisar e escolher pelo menos dois.
Mercado chinês
Estamos de olho, em negociação com o governo da China. Queremos transformar nossos escritórios em agências, mas há dificuldades com a legislação que não permite a estrangeiros negociação no interbancário em moeda local.
América Latina
No Chile, devemos nos unir a outra instituição local, comprar parte do capital. O país é mais maduro, não há possibilidade de um crescimento muito rápido. Estamos olhando também em outros locais, no Uruguai e no Peru.
Exportações brasileiras de flores e plantas patinam
As exportações brasileiras de flores e plantas estão estagnadas. O Brasil vendeu ao exterior US$ 14,3 milhões no primeiro semestre, valor praticamente igual ao do mesmo período do ano passado.
No segmento de flores de corte, como rosas e gérberas, o mais afetado, as vendas fecharam o semestre em US$ 437 mil, 51% abaixo de igual período de 2009. "Não há sinal de recuperação no curto prazo", diz Antonio Junqueira, da consultoria Hórtica, que fez o estudo.
Falta de investimento e câmbio são os principais fatores que impedem o avanço, segundo Kees Schoenmaker, do Ibraflor. "Não conseguimos competir com países que têm clima mais favorável e estão mais próximos de mercados compradores", diz.
Hoje, o Brasil exporta bulbos e mudas, para EUA, Portugal e Espanha. Para Junqueira, a queda se deve à crise nos importadores.
Paradeiro A nova fábrica da Caterpillar no Brasil deve ser instalada no município de Rio das Pedras, próximo a Piracicaba (onde a empresa já mantém uma planta), segundo o sindicato dos metalúrgicos da cidade. A companhia anunciará o local de instalação na próxima quarta.
Café ecológico A Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café) acaba de lançar uma calculadora para contagem das emissões de CO2. O produto identifica o volume do gás emitido e sugere estratégias de compensação.
O QUE ESTOU LENDO
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco
"Estou acabando de ler "Grandes Decisões sobre Pessoas" (ed. DVS, 340 págs.), de Claudio Aráoz", diz Luiz Carlos Trabuco Cappi, do Bradesco. "É sobre o ato de decidir, colocar na prática aquilo que, às vezes, são apenas intenções, tendo como princípio o fato de que as empresas dependem totalmente de pessoas, independentemente do grau de informatização, descentralização, até de terceirização."
O executivo já começou a ler também "Em Busca da Memória" (ed. Companhia das Letras, 552 págs), de Eric Kandel, prêmio Nobel de Medicina. "Kandel ajudou a construir uma nova ciência da mente para entender o mecanismo que nos permite lembrar e reter as experiências", conta. "O livro é também uma autobiografia sobre como nasceu sua paixão pela neurociência."
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