Sobre vices
LUIZ GARCIA
O GLOBO - 02/07/10
O cargo de vice-presidente da República tem importância singular nas democracias modernas.
Nos Estados Unidos, foi cunhada, já há muito tempo, uma expressão curiosa: o que o separa do poder é “uma batida de coração”. Se as coronárias do titular não falharem, poder nenhum; se fizerem uma falseta com o presidente, poder absoluto.
Já no Brasil, onde não existem apenas dois partidos, e as eleições dependem de toda sorte de alianças, a força do vice varia muito. Pode ser herdeiro ambicioso, pode ser aliado eventual, destinado a ser vice e mais nada. Como acontece com o atual, que exerce, com impecável ausência de ambição, o papel de herdeiro apenas presuntivo e mais nada.
Na próxima Copa, perdão, na próxima sucessão, a oposição parece que vai inovar.
Pela primeira vez na história da República, um candidato a vice parece que será um político relativamente jovem, muito mais moço que o cabeça da chapa: o deputado Indio da Costa. Curiosamente, escolhido pelo DEM/ex-PFL, partido comumente associado a valores e comportamentos “da antiga”, como se dizia antigamente.
Cesar Maia é um político com biografia, se permitem, ambígua. Foi muito bom prefeito do Rio, foi muito ruim prefeito do Rio. Uma das coisas boas que fez foi entregar administrações regionais a um bando de garotos, sem vícios nem experiência — e muitos deles foram em frente. O deputado Indio da Costa foi um deles.
Sei lá se ele tem ou não dívida de gratidão com Cesar Maia, mas herdeiro dele certamente não é; seu comportamento na esfera municipal foi criticado, e continua sendo, por muita gente boa, mas como deputado federal parece ter amadurecido bastante. Por exemplo, foi personagem importante na aprovação da lei contra candidatos de ficha suja.
Quem entende dessas coisas diz que na avaliação de qualquer político o que vale mesmo é a biografia recente.
Se for verdade, talvez Indio seja o personagem certo para essa experiência nova que está caindo no seu colo. Podemos ter um vice com fome de bola, mas jovem o bastante para saber a hora e a maneira certas de comer a bola. Tudo no bom sentido, naturalmente.
São hipóteses talvez prematuras: pode ser cedo para se dizer se Serra e o PSDB vão seguir em frente com a proposta do ex-PFL. Ou se o próprio ex-PFL insistirá nela.
Mas, pelo andar da carruagem, uma coisa parece certa: ninguém nessa turma está interessado num candidato a vice com jeito de mordomo de filme de terror.
Nos Estados Unidos, foi cunhada, já há muito tempo, uma expressão curiosa: o que o separa do poder é “uma batida de coração”. Se as coronárias do titular não falharem, poder nenhum; se fizerem uma falseta com o presidente, poder absoluto.
Já no Brasil, onde não existem apenas dois partidos, e as eleições dependem de toda sorte de alianças, a força do vice varia muito. Pode ser herdeiro ambicioso, pode ser aliado eventual, destinado a ser vice e mais nada. Como acontece com o atual, que exerce, com impecável ausência de ambição, o papel de herdeiro apenas presuntivo e mais nada.
Na próxima Copa, perdão, na próxima sucessão, a oposição parece que vai inovar.
Pela primeira vez na história da República, um candidato a vice parece que será um político relativamente jovem, muito mais moço que o cabeça da chapa: o deputado Indio da Costa. Curiosamente, escolhido pelo DEM/ex-PFL, partido comumente associado a valores e comportamentos “da antiga”, como se dizia antigamente.
Cesar Maia é um político com biografia, se permitem, ambígua. Foi muito bom prefeito do Rio, foi muito ruim prefeito do Rio. Uma das coisas boas que fez foi entregar administrações regionais a um bando de garotos, sem vícios nem experiência — e muitos deles foram em frente. O deputado Indio da Costa foi um deles.
Sei lá se ele tem ou não dívida de gratidão com Cesar Maia, mas herdeiro dele certamente não é; seu comportamento na esfera municipal foi criticado, e continua sendo, por muita gente boa, mas como deputado federal parece ter amadurecido bastante. Por exemplo, foi personagem importante na aprovação da lei contra candidatos de ficha suja.
Quem entende dessas coisas diz que na avaliação de qualquer político o que vale mesmo é a biografia recente.
Se for verdade, talvez Indio seja o personagem certo para essa experiência nova que está caindo no seu colo. Podemos ter um vice com fome de bola, mas jovem o bastante para saber a hora e a maneira certas de comer a bola. Tudo no bom sentido, naturalmente.
São hipóteses talvez prematuras: pode ser cedo para se dizer se Serra e o PSDB vão seguir em frente com a proposta do ex-PFL. Ou se o próprio ex-PFL insistirá nela.
Mas, pelo andar da carruagem, uma coisa parece certa: ninguém nessa turma está interessado num candidato a vice com jeito de mordomo de filme de terror.
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