E agora, José?
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 23/05/10
BRASÍLIA - Maio é o mês das noivas e de Dilma Rousseff, que pegou bem a onda dos comerciais e do programa do PT e avançou em todos os índices do Datafolha: empatou com José Serra em 37%, pulou para 19% na pesquisa espontânea, passou para a dianteira por um ponto na projeção de segundo turno e melhorou sua rejeição de 27% para 20%. É hora de festa no PT.
Mas junho vem aí, e é a vez de Serra na telinha. Ele terá o programa do DEM na quinta, 27, e três dos quatro programas do mês que vem: PPS dia 10, PSDB dia 17 e PTB dia 24. Sobra para Dilma o PRP, dia 3.
É nesse clima, e com essa vantagem de exposição pró-Serra, que ocorrerão as convenções partidárias para formalizar as candidaturas, com igual tempo na mídia e igual espaço nos jornais.
O problema dos formuladores e marqueteiros tucanos é como ocupar bem o tempo, compensando o que os programas dos petistas e de seus aliados têm e que faz toda a diferença: o fator Lula.
Quanto mais aumenta a simbiose Dilma-Lula, maior a ansiedade tucana pela atração de Aécio Neves para vice de Serra. Aécio não é Lula, obviamente, mas une São Paulo e Minas, com seus imensos eleitorados, e é capaz de trazer para a campanha o que nem Serra nem Dilma conseguem: arejamento, juventude, empatia com o eleitor.
Serra afirma-se nos três Estados do Sul e esgueirou-se em alas significativas do PMDB, como RS, PE e MS, abrindo fissuras na aliança nacional do partido com Dilma. Aécio, além de sacudir o segundo maior colégio eleitoral do país, poderá ser, como vice, um cabo eleitoral forte no maior flanco serrista: o Nordeste, onde o efeito Lula é mais devastador contra o tucano.
O empate detectado pelo Datafolha confirma as expectativas: uma disputa pau a pau, o papel decisivo da TV e Lula como fator de desequilíbrio. Que armas a oposição tem para neutralizá-lo? Nem a oposição sabe responder.
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