"Banca de portos"
RENATA LO PRETE
folha de são paulo - 22/03/10
Grandes empreiteiras fecharam um acordo para repartir entre si as principais obras portuárias do país, segundo relatório que a PF mantém sob sigilo. Os policiais chegaram a essa conclusão depois de encontrar um documento, datado de julho de 2002, na sede de uma construtora investigada por burlar processos de licitação. O papel descreve a formação do cartel, apelidado de "Banca de Portos", e a divisão prévia de projetos portuários espalhados pelo país: Camargo Corrêa e Carioca ficariam com o Atracadouro de Alcântara (MA), a derrocagem do Tietê e o porto de São Sebastião (SP), enquanto Odebrecht e OAS cuidariam da ampliação do porto de Paranaguá (PR).
Porto seguro 1. Inquéritos da PF sobre desvio de dinheiro público e superfaturamento de contratos já haviam constatado a formação desses "consórcios paralelos" em obras de rodovias e do metrô em cinco capitais. Contatadas, as construtoras não quiseram se manifestar.
Porto seguro 2. A série de reportagens na Folha sobre os "consórcios paralelos" não sensibilizou a Justiça. O inquérito da Operação Castelo de Areia, que trata de empreiteiras e de sua relação com políticos, prossegue trancado por ordem do STJ.
Outro lado. Sobre a "Banca de Portos", a Odebrecht afirma que a licitação da qual participou em parceria com a OAS foi impugnada e que não tem obras em Paranaguá.
Mais verde. Em conversa com ambientalistas, a ministra Dilma Rousseff tem criticado a proposta de Marina Silva de substituir a frota de táxis por carros elétricos. Conforme a fonte de energia usada para carregar as baterias, diz a ministra, a ideia pode ser ainda mais poluente.
Última hora. A ala do PMDB contrária ao acordo de Orestes Quércia com os tucanos revive a ideia de lançar Francisco Rossi ao governo do Estado de São Paulo.
Optei. Para tristeza de Paulo Skaf (PSB), que esperava o apoio do PR, o presidente da Câmara paulistana, Antonio Carlos Rodrigues, tem dito que o partido deve fechar com Aloizio Mercadante (PT).
Confiança.
O governador Paulo Hartung (PMDB-ES) diz que está certa a escolha do vice, Ricardo Ferraço (PMDB), para disputar sua sucessão. "Prova do preparo de Ferraço é que ele já me substituiu mais de dez vezes no cargo."
O meu é melhor. Do neopeemedebista Mangabeira Unger, encarregado de elaborar o programa de governo do partido, sobre documento de igual propósito já divulgado pelo PT: "Não passa de um conjunto de platitudes".
À direita. Também redigem o programa do PMDB o presidente do BC, Henrique Meirelles, e Delfim Netto. A ideia é obter um texto mais "maduro" que o dos petistas.
Zigue-zague. No Planalto e no PT, pegou mal a atuação do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), na votação sobre a divisão dos royalties do pré-sal. Alves votou a favor da "emenda Ibsen", contra seu próprio relatório.
Espelho. Novo presidente da CCJ da Câmara, Eliseu Padilha (PMDB-RS) quer retomar a ideia de dar à comissão o poder de sua similar no Senado. Na Câmara, a tramitação de emenda à Constituição exige que se forme uma comissão especial. No Senado, isso é da competência da CCJ.
Em obras. Vem aí licitação para reformar o plenário do Senado. As obras terão início no recesso de fim de ano.
Carequinha. O deputado Flávio Dino (PC do B-MA) propôs incluir, no projeto que exige "ficha limpa" de candidatos, a inelegibilidade de financiadores de campanhas ilegais. O texto já foi apelidado de "emenda Marcos Valério".
Tiroteio
"Como ressuscitar o mensalão se ele não morreu? Está mais vivo do que nunca no comando do PT." Do tucano EDUARDO GRAEFF, secretário-geral da Presidência no governo FHC, em resposta a Dilma Rousseff, que acusou a oposição de querer ressuscitar o escândalo de 2005 com propósito eleitoral.
Contraponto
Alta fidelidade
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que vira e mexe se estranha com Renan Calheiros (PMDB-AL) e recentemente foi acusado pelo colega de bancada de tê-lo excluído de uma reunião da cúpula peemedebista com Lula, caminhava em direção ao plenário, na quarta-feira, quando recebeu uma ligação de Eduardo Campos (PSB-PE).
O governador começou a conversa informando que naquele momento estava no gabinete do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Jucá não perdeu a piada:
-Com o Sarney? Então estou com ciúmes. Porque, você sabe, a moda agora no PMDB é sentir ciúmes...
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