Apagão e apaguinhos
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/03/10
BRASÍLIA - No congresso do PT em que foi lançada à Presidência, Dilma Rousseff (Casa Civil, ex-Minas e Energia) encheu o peito para dizer que nunca mais, neste país, haverá apagões.
Antes, durante e depois da frase enfática, porém, repetem-se os "apaguinhos". A CBN relatou o que parou metade de Pernambuco, o jornal "O Globo" divulgou como são habituais em regiões do Rio, e a energia cai a toda hora em São Paulo junto com a chuva.
E no DF? Justamente no dia em que a Câmara Legislativa iniciou os debates sobre o impeachment do governador José Roberto Arruda foi aquele vexame: acabou a luz. Logo começaram as fantasias de que se tratava de boicote, mas nem há mais seguidores de Arruda dispostos a coisas desse tipo.
Era só um dos "apaguinhos" que afligem sem parar a capital da República e que se repetiram na terça passada, atingindo não só a Câmara Legislativa mas a própria sede do governo federal e umas 500 mil pessoas, que ficaram totalmente às escuras ou à base de geradores.
Ontem mesmo, novo blecaute paralisou o Distrito Federal. Eu e o meu amigo e companheiro de coluna Fernando Rodrigues moramos em lados opostos de Brasília, um no Lago Norte, outro no Lago Sul, mas amargamos o mesmo problema: semana sim, outra também, lá se vai a luz. E só não se vão (mais) os aparelhos domésticos porque já estamos escaldados.
Como mostrou a repórter Leila Coimbra na Folha, as concessionárias de energia reduziram expressivamente os investimentos em suas redes. Entre elas a Ampla (RJ), a Celpe (PE) e a CPFL (SP/RS). Como dois e dois são quatro, queda de investimento e aumento de demanda é igual a falta de energia.
OK. A culpa não é do governo federal, mas a ministra deveria ter cuidado com as palavras e com a ênfase, porque são milhares e milhares de vítimas. De "apaguinho" em "apaguinho", chega-se a um apagão.
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