Redescobrindo o Brasil
FOLHA DE SÃO PAULO - 09/03/10
ESTOCOLMO - O mundo demorou, mas finalmente descobriu o Brasil, país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, 190 milhões de habitantes, economia pujante e emergente e que passou por FHC ("Mr. Cardoso"), com sua visão estratégica e charme intelectual, e chegou a Lula, com sua impactante biografia e desenvoltura política.
Essas condições, já muito boas, estão sendo potencializadas por três circunstâncias:
1) Itália, Alemanha e Suécia são bons exemplos de como o resto da Europa corre atrás do prejuízo, depois que a tal "aliança estratégica" já rendeu negócios de R$ 22 bi para a França e pode render ainda mais uns R$ 10 bi na área de defesa;
2) Japão e Coreia do Sul trazem caravanas de empresários, tentando convencer governo e correspondentes brasileiros de que a Ásia vai além da China, que está por toda a parte, agressivamente;
3) E todos, França, Itália, Alemanha, Espanha, Suécia, Japão, China, Coreia e EUA, miram a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Serão bilhões em estádios, indústria hoteleira, comunicações, ônibus, metrôs, trens, segurança, limpeza.
Nessa corrida, intensificam-se o marketing e o foco na tradição de relações comerciais e culturais. O ministro do Exterior da Alemanha, Guido Westerwelle, está hoje em Brasília com o trunfo de que o maior comércio do Brasil na Europa é com os alemães. O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, que está enrolado com a política interna e já adiou duas vezes a sua viagem, invoca a fortíssima colônia italiana em São Paulo e no Sul. Os reis da Suécia, Carl Gustaf e Sílvia, chegam no dia 21 lembrando a origem brasileira dela e as mais de 200 grandes empresas suecas que já investem no Brasil há décadas.
É a lei do mercado: quanto mais disputam o Brasil, mais o Brasil pode barganhar preços, condições e contrapartidas. Se conseguir superar a corrupção e a miséria, melhor ainda. Mas isso vai demorar...
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