O GLOBO - 31/01/10
Que o Brasil teve grande espaço na mídia internacional em 2009 já sabemos, mas a consultoria Imagem Corporativa foi mais fundo. Quantificou e qualificou essa performance. Pesquisadores analisaram o conteúdo de 3.675 reportagens em 14 grandes publicações e a conclusão é que 81% tiveram teor positivo, mas velhos problemas como a violência e a corrupção continuam a arranhar nossa imagem. Se já sabíamos, temos agora a confirmação em números.
Primeiro, as boas notícias.
O jornalão inglês “Financial Times ” deu o maior espaço ao Brasil, entre as publicações pesquisadas, seguido do argentino “Clarín” e do espanhol “El País”. Os principais destaques foram para o Brasil como player internacional (26%); como opção de investimentos (18%); e como protagonistana América Latina (15%). Entre todos os temas abordados, a economia ocupou, com larga vantagem, o maior espaço dedicado ao país.
A crise internacional, que abalou profundamente os países ricos, deu voz aos emergentes. E o Brasil, ao lado de China e Índia, passou a ser visto com outros olhos pela imprensa internacional.
—A pesquisa mostra a consistência da imagem do Brasil lá fora e também deixa claro que o país se distanciou de seus vizinhos, principalmente Argentina e Venezuela, tornando-se protagonista na América Latina — destaca Ciro Dias dos Reis, presidente da Imagem Corporativa.
Sozinho na AL
Com alguns dos vizinhos afundando em crises políticas e econômicas, o Brasil passou a ser visto como líder isolado na região. O bom desempenho das empresas brasileiras também contribuiu para reforçar a imagem positiva. A exploração da camada do pré-sal; o empréstimo de US$ 4,5 bilhões ao FMI; e a forte recuperação da Bovespa reforçaram a indicação do Brasil para investimentos.
Visibilidade crescente
No quarto trimestre, o espaço dedicado ao Brasil aumentou muito. A participação na Conferência do Clima, Cop-15, em Copenhague, mereceu 163 reportagens na mídia internacional.
E a escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016 rendeu 65 registros, sendo 92% positivos. Nos últimos três meses do ano, a exposição do país na mídia cresceu 67%. Foram 1.308 reportagens contra 783 do terceiro trimestre.
Em novembro, o “Financial Times” produziu um caderno especial sobre “Investing in Brazil”, dando ênfase às oportunidades de investimento em diversos setores, e a revista “The Economist” deu capa ao país com o título “Brazil takes off” (O Brasil decola).
As publicações que mais ampliaram o espaço com notícias do país foram “The Economic Times of India” (300%), “The New York Times” (223,5%) e “The Economist” (215,8%).
Velhos problemas
Em outubro, a derrubada do helicóptero da polícia por traficantes no Rio foi parar nas páginas do jornal japonês “Asahi Shimbun”, ganhando destaque no “New York Times” e no “El País”. Os escândalos do Senado também ocuparam espaço na mídia estrangeira, vinculando, mais uma vez, o país à corrupção. A visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil também foi noticiada, com enfoque negativo.
O apagão de energia, que deixou o Brasil perplexo, repercutiu lá fora. O argentino “Clarín” registrou com ceticismo as explicações do governo, duvidando, assim como nós, que a natureza era a única culpada. A boa notícia é que as notícias ruins foram perdendo espaço na mídia internacional, ao longo do ano: de 27% no primeiro trimestre, caíram para 17% no último.
COM ALVARO GRIBEL
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