segunda-feira, janeiro 25, 2010

MURILO RAMOS

O estilo da senhora Arruda

Revista Época - 25/01/2010


A trajetória da primeira-dama do Distrito Federal – da sensação nas festas e solenidades oficiais às suspeitas de envolvimento no escândalo de Brasília

Antes de se tornar mulher do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, Flávia Carolina Peres morava em Taguatinga, cidade localizada a 25 quilômetros do centro da capital federal. Recém-separada, Flávia, formada em educação física e estudante de Direito, trabalhava e se divertia como qualquer jovem de 27 anos. Não frequentava as altas-rodas de Brasília. Há pouco mais de dois anos, ela se uniu a Arruda e virou uma espécie de celebridade no mundo brasiliense. Criou uma ONG dedicada a ações sociais, ganhou o título de cidadã benemérita da Câmara Legislativa do Distrito Federal, passou a conviver com socialites e virou apresentadora de um programa local de televisão. A beleza de Flávia Arruda e certa semelhança com a atriz Camila Pitanga também chamaram a atenção para a primeira-dama do Distrito Federal – assim como seus modos finos e o hábito, lapidado depois da união com o governador, de usar joias e roupas de grife. O début de Flávia na sociedade brasiliense ocorreu em fevereiro de 2008. Andréa Meireles, mulher de um importante empresário de Brasília, abriu sua casa para a estreia. De acordo com uma reportagem do Jornal de Brasília, Flávia chegou à festa com um vestido Valentino branco, cujo preço está em torno de R$ 10 mil, enquanto os convivas tomavam champanhe francês Veuve Clicquot. A noite foi marcante também porque Flávia anunciou publicamente a adoção do sobrenome Arruda. Flávia e Arruda só oficializaram a união estável em cartório no dia 18 de fevereiro do ano passado, sob o regime de comunhão parcial de bens (pelo qual os cônjuges só partilham os bens adquiridos após a união). Hoje, eles têm uma casa no Park Way, um dos bairros com metro quadrado mais caro de Brasília.

Depois do enlace com Arruda, o estilo de vida de Flávia mudou. “Ela não tinha muito contato com o pessoal da sociedade, que gosta de festas todo dia”, afirma Andréa Meireles. “Antes ela era casada com um menino que era engenheiro, tinha uma escolinha pequena. A vida era outra.” A fama repentina garantiu sucessivos flashes para Flávia. Depois do casamento, ela começou a exibir em eventos sociais adereços sofisticados. Demonstrou especial predileção por joias da designer Carla Amorim, dona de lojas em áreas nobres de Brasília, Belo Horizonte, Recife, São Paulo e de revendas no exterior.

O mais vistoso brinco usado por Flávia se chama “Universo Pavê”. É trabalhado em ouro branco 18 quilates e polido com diamantes. O preço de tabela é R$ 34.700, quase o triplo do salário do governador, de R$ 12.500. Flávia tem também um modelo chamado “Reglisse”: um brinco de ouro com pedras pretas de diopsídio e diamantes. Custa R$ 26.700. ÉPOCA procurou a designer Carla Amorim para saber a forma de pagamento usada por Flávia para comprar as joias. Por meio de carta, Carla afirmou que não divulga dados de clientes sem a autorização. Flávia Arruda também foi fotografada numa situação inusitada: calçava sapatos escarpim de bico fino da marca Dior (preço estimado em R$ 3.500) em meio a um lamaçal. Estava na cidade de Brazlândia durante uma entrega de lotes de terra a funcionários do governo do Distrito Federal. Segundo sua assessoria, os objetos e acessórios usados por ela estão “devidamente declarados em seu Imposto de Renda”.

Nas últimas semanas, Flávia sumiu das colunas sociais e passou a frequentar as páginas políticas dos jornais. A ONG Instituto Fraterna, sob sua responsabilidade, é investigada pela Polícia Federal nos desdobramentos da Caixa de Pandora. A PF suspeita que o Fraterna tenha recebido dinheiro de propina de empresas de informática. Em material apreendido na casa de Domingos Lamoglia, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal e um dos mais íntimos assessores de Arruda, há uma anotação do governador em que ele assinala a palavra “Fraterna” e o número 100 ao lado. A PF também investiga se Flávia é a dona de um haras nas cercanias de Brasília, suposto presente de Arruda, avaliado em mais de R$ 2 milhões. No início do mês, uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre imóveis da família Arruda citou uma quitinete em nome de Flávia, comprada em março de 2009. O valor declarado, R$ 50 mil, é menos da metade do preço de mercado.

A crise política em Brasília mudou drasticamente a rotina de Flávia. Por duas semanas, ela deixou de gravar seu programa semanal na TV Bandeirantes. Teve de ser substituída. A volta à TV estava prevista para este domingo. Antes da apresentação do programa, suas amigas estavam ansiosas em saber se ela exibiria uma de suas joias conhecidas ou surpreenderia com alguma novidade, como um presente precioso. Na quinta-feira, Flávia Arruda completou 30 anos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Acho um absurdo abrir uma revista comó a época e dar de cara com uma matéria bossal como esta. Isso é matéria para capa da revista CARAS ... Façam me o favor! tem coisa mais importante para serem citadas, ainda mais tratando -se do veículo época. Ninguém compra época para saber quanto custam os brincos da primeira -dama. A que ponto está chegando o trabalho jornalístico, a informação. Lamentável essa matéria!

Anônimo disse...

Você deveria criar uma sessão "que fim levou". Por onde anda Flavia Camarero? Condenada a 10 anos por desvio de patrimônio público e apropriação indébita, atualmente trabalha numa empresa de relacionamento corporativo em São Paulo, como Diretora. Onde está a justiça no Brasil?