segunda-feira, janeiro 18, 2010

FERNANDO RODRIGUES

Ciro e Marina patinam


Folha de S. Paulo - 18/01/2010

Ser candidato do segundo pelotão é difícil. Sobretudo para políticos com imagem consolidada, como Ciro Gomes e Marina Silva. Não se beneficiam mais do efeito surpresa nem de um possível tom novidadeiro na campanha.
Nas eleições presidenciais recentes, os candidatos do segundo pelotão não se viabilizaram. Em 2002, Ciro Gomes chegou a bater em 32% no Datafolha, mas acabou com 12% dos votos. Anthony Garotinho ficou estável num bom patamar médio, só que terminou apenas em terceiro lugar, com 18%.
Em 2006, Heloísa Helena teve até 12% nas pesquisas. No dia da eleição desceu a 7%. Nesse mesmo ano, Cristovam Buarque gravitou sempre em torno de 2% na campanha -acabou com meros 2,7%.
Ciro Gomes tem oscilado agora na redondeza dos 15%. Marina Silva fica em torno de 10%. Esses percentuais são insuficientes para atrair e viabilizar apoios. Forma-se um círculo perverso. Não estão bem nas pesquisas porque têm pouco apoio; têm pouco apoio porque vão mal nas pesquisas.
No caso de Ciro Gomes, seu partido, o PSB, deseja cada vez mais aderir ao projeto da pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Planalto. Ciro está cerca de 10 pontos percentuais atrás da petista. Marina Silva, do PV, não rompeu ainda a barreira do discurso monocórdio do meio ambiente. Presta um serviço ao país trazendo o tema para a agenda nacional, mas não deslancha nas pesquisas.
A situação da pré-candidata do PV se complica também por dois fatores adicionais: 1) seu partido é minúsculo, quase sem tempo de TV e 2) vai aos poucos colando em Marina a pecha de ser linha auxiliar do projeto maior do PSDB na eleição presidencial -por exemplo, com o palanque da sigla no Rio abrigando os verdes e o tucano José Serra.
Tudo considerado, o segundo pelotão de 2010 está empacado e Ciro e Marina não demonstram ter uma fórmula para sair desse atoleiro.

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