segunda-feira, dezembro 21, 2009

PAINEL DA FOLHA

Presentes de Natal

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 21/12/2009

Examinada no detalhe, a pesquisa Datafolha da sucessão presidencial oferece uma boa notícia para Dilma Rousseff (PT) e outra para José Serra (PSDB).

Para a ministra, há um indicativo claro da autopista disponível para o escolhido de Lula. Em pergunta dirigida aos que haviam declarado intenção de votar no presidente, o entrevistador esclarece que ele não poderá concorrer e volta a indagar em quem, então, o eleitor pretende votar. Somam 18% as menções à própria Dilma (10%) e ao genérico "candidato do Lula" (8%). Serra aparece com 8%.
Para o governador, amplamente visto (41%) como anti-Lula, há os 67% que se dizem "indiferentes" ao fato de um candidato fazer oposição ao presidente.



Resiliência. Os 67% de "indiferentes" apontam para pouca chance de sucesso de eventual estratégia de desconstrução de Serra baseada no fato de que o tucano é "contra o governo Lula".

Feliz 2010. Lula gravou ontem a mensagem de fim de ano que vai ao ar em rede de TV no dia 22. Em 2008, estimulou o consumo. Neste ano, incentivará os investimentos. O programa foi dirigido por João Santana, marqueteiro do presidente e de Dilma.

A dois. Esnobado pelo chanceler Celso Amorim em sua visita ao Brasil, o secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina, Arturo Valenzuela, teve longo encontro com Serra na tarde de sábado. Os dois se conhecem desde a época em que o hoje governador paulista viveu exilado no Chile.

Pois é... Comentário de um observador diante do anticlimático final da conferência do clima: "A turma da "globalização de esquerda" descobriu que "governança global" é fazer o que os EUA mandam".

Cartilha. O Planalto trabalha para lançar, em algum momento do ano eleitoral de 2010, um compêndio de tudo o que foi feito na área social durante os dois mandatos de Lula. Seria uma espécie de "livro social" do governo do PT.

Queda de barreira. O Tribunal de Contas da União determinou a suspensão de pagamentos relativos às obras de recuperação da BR-101 no Rio de Janeiro, incluídas no PAC. Foram apontadas diversas irregularidades, especialmente um sobrepreço de R$ 14 milhões nos contratos. O TCU afirma ainda que a deficiência no projeto básico da BR irá provocar gasto não previsto de R$ 45 milhões.

Conexão DF-PR. Citado pelo gravador-geral Durval Barbosa como receptor de R$ 20 mil do mensalão candango, Paulo Henrique Munhoz da Rocha, diretor da empresa de transporte do Distrito Federal (DFTrans), é homem de confiança do DEM no Paraná. Foi secretário no governo Jaime Lerner e ocupou cargos de primeiro escalão na Prefeitura de Curitiba quando comandada por Cassio Taniguchi.

O elo. A empresa de informática Minauro, com sede em Curitiba, mantém contrato de R$ 21 milhões com o governo Arruda via DFTrans. A autarquia comanda um dos maiores orçamentos do GDF.

Abafa o caso. Tão logo o nome de Munhoz da Rocha apareceu nos vídeos de Durval, ele foi pressionado a se desfiliar do DEM. Na sequência, Taniguchi deixou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do governo Arruda.

Para lá... Mentor da frustrada tentativa de votar o claudicante projeto de reforma administrativa no último dia de trabalho legislativo, o primeiro secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), ganhou de colegas o apelido de "Errático Fortes".

...e para cá. Senadores contrários à manobra atribuem-na à pressão dos funcionários, que contam com a reforma para aprovar um novo plano de cargos e salários.

com
SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

"Em vez de cuidar da TV Brasil, desde sempre traço de audiência, o Planalto fez a Confecom para tentar controlar a mídia."


Do deputado federal EDUARDO GOMES (PSDB-TO), sobre a recém-encerrada Conferência Nacional de Comunicação.

Contraponto

Corpo a corpo A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado sabatinou na terça-feira Alexsandro Broedel Lopes para ocupar a direção da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Pouco antes da votação, a sala estava imersa em intenso burburinho, com representantes do governo e da oposição consultando seus respectivos assessores. Presidente da CAE, Garibaldi Alves (PMDB-RN) fez soar a campainha:
-Silêncio! Por favor, senhores...
Mas, pouco depois de sua intervenção, a barulheira recomeçou. Garibaldi foi ao microfone e desabafou:
-Agora tem boca de urna aqui? Só pode ser!

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