Abraço de afogados
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/11/09
BRASÍLIA - A história se repete: o PSDB tem um nome com maioria folgada nas pesquisas, o de Serra, mas não faz outra coisa senão solapar o seu candidato, como em 2002 e 2006. Desta vez, com decidida ajuda do parceiro DEM.
Tudo bem Aécio querer disputar, mas não tão bem ele dar palanque para Ciro atacar Serra. Ciro faz um ziguezague que pode ser tudo, menos favorável à oposição. Ameaça disputar contra Dilma, depois troca o domicílio eleitoral para dar palanque a ela no principal Estado, agora entra num jogo com Aécio que não fortalece nenhum dos dois, só enfraquece Serra. Parece coisa de agente duplo, e Aécio faz gênero garotão, mas não é nenhum ingênuo para não perceber.
Como tropa auxiliar do "oposicionista" Aécio e do "governista" Ciro, a dupla César e Rodrigo Maia, do DEM, diz que Serra "lembra os piores caudilhos". Boa forma de dinamitar os bons índices do único candidato que o DEM tem para tentar voltar ao poder. Ou melhor: para se manter vivo, porque está fora da máquina do Estado há sete anos e a vitória de Dilma pode significar mais 12: quatro dela e oito com a volta de Lula em 2014.
Bem... mas também há o lado pragmático do DEM, que tem juízo e se agarra aos 44% de Serra no último Datafolha como boia de salvação: Jorge Bornhausen, que só atua nos bastidores e não controla mais o partido, e Gilberto Kassab, o prefeito que está em vias de dar um presentão para o seu candidato: aumento de IPTU em ano eleitoral.
Enquanto Dilma chega a 2010 com o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o PAC, Serra vai com um aumento de até 60% do IPTU para 1,7 milhão de paulistanos. E, apesar das promessas (como em 2002 e 2006), sem Minas Gerais.
O PT ri à toa, enquanto o eleitorado chora, emocionado, com "Lula, o Filho do Brasil". Intelectuais viram a cara, mas, se o objetivo é eleitoral, quanto mais piegas melhor -para Lula e Dilma.
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