FOLHA DE SÃO PAULO - 30/10/09
SÃO PAULO - Ícone da ditadura e do malufismo, o elevado Costa e Silva -ou Minhocão- é um marco histórico da predação urbana feita em nome do progresso da cidade.
Inaugurado em 1971, o viaduto de ligação entre as zonas leste e oeste de São Paulo foi responsável pela destruição linear de quatro bairros, incluindo parte do centro. Não existiria obra capaz de exprimir melhor o perfil de uma metrópole que vive em permanente fuga dos escombros que ela não cessa de produzir.
É de ruína, social e urbana, que se alimenta há décadas a cracolândia, região próxima do Minhocão especialmente degradada, onde se aglomeram os chamados "noias".
São Paulo já havia exportado o crack para o resto do país -hoje, um drama nacional. Há três meses, desde que a polícia iniciou a Ação Integrada Centro Legal, a cracolândia também começou a exportar seus "noias" para ruas e bairros da vizinhança. Ontem, na hora do almoço, vários deles estavam empilhados, literalmente, na entrada do metrô da República. Outros andavam feito zumbis ao redor do edifício Copan, símbolo de uma modernidade que a cidade atropelou.
Da Luz ao largo do Arouche, de Higienópolis ao miolo da cidade, passando por Santa Cecília e Campos Elíseos, os "noias" vão se tornando parte da paisagem -ou da terra devastada. Fuçam lixo, pedem esmolas, agridem pessoas e cometem pequenos delitos para bancar o vício. Ninguém sabe bem o que fazer nem como reagir.
Os "noias" são os autênticos mensageiros da Nova Luz -nome do projeto de revitalização da região que patina desde 2005, quando José Serra ainda era prefeito.
A Folha mostrou anteontem a situação de abandono do tradicional liceu dos padres salesianos, ilhado no quadrilátero do crack -e ontem, neste espaço, Clóvis Rossi fez um belo texto a respeito. O título da reportagem era histórico: "Escola de Monteiro Lobato definha na cracolândia". O criador de Emília e Narizinho sucumbiu à terra dos "noias".
SÃO PAULO - Ícone da ditadura e do malufismo, o elevado Costa e Silva -ou Minhocão- é um marco histórico da predação urbana feita em nome do progresso da cidade.
Inaugurado em 1971, o viaduto de ligação entre as zonas leste e oeste de São Paulo foi responsável pela destruição linear de quatro bairros, incluindo parte do centro. Não existiria obra capaz de exprimir melhor o perfil de uma metrópole que vive em permanente fuga dos escombros que ela não cessa de produzir.
É de ruína, social e urbana, que se alimenta há décadas a cracolândia, região próxima do Minhocão especialmente degradada, onde se aglomeram os chamados "noias".
São Paulo já havia exportado o crack para o resto do país -hoje, um drama nacional. Há três meses, desde que a polícia iniciou a Ação Integrada Centro Legal, a cracolândia também começou a exportar seus "noias" para ruas e bairros da vizinhança. Ontem, na hora do almoço, vários deles estavam empilhados, literalmente, na entrada do metrô da República. Outros andavam feito zumbis ao redor do edifício Copan, símbolo de uma modernidade que a cidade atropelou.
Da Luz ao largo do Arouche, de Higienópolis ao miolo da cidade, passando por Santa Cecília e Campos Elíseos, os "noias" vão se tornando parte da paisagem -ou da terra devastada. Fuçam lixo, pedem esmolas, agridem pessoas e cometem pequenos delitos para bancar o vício. Ninguém sabe bem o que fazer nem como reagir.
Os "noias" são os autênticos mensageiros da Nova Luz -nome do projeto de revitalização da região que patina desde 2005, quando José Serra ainda era prefeito.
A Folha mostrou anteontem a situação de abandono do tradicional liceu dos padres salesianos, ilhado no quadrilátero do crack -e ontem, neste espaço, Clóvis Rossi fez um belo texto a respeito. O título da reportagem era histórico: "Escola de Monteiro Lobato definha na cracolândia". O criador de Emília e Narizinho sucumbiu à terra dos "noias".
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