NELSON DE SÁ
FOLHA DE SÃO PAULO - 01/09/09
O dia começou com Lula no estreante Blog do Planalto e no Café com o Presidente, prometendo "segunda independência" ou "um novo Dia da Independência", ecoando toda a manhã por sites e portais sem fim, da Folha Online ao Terra.
À tarde, mais Lula, discursando que "o petróleo pertence ao povo" e a Petrobras, capitalizada pelo Estado, será operadora única, ecoando nas manchetes do Valor Online ao UOL e demais.
Entrando pela noite, mais e mais Lula por Folha Online, G1, proclamando que pré-sal é "dádiva de Deus" mas pode ser "maldição".
Na Record e na Band, os telejornais foram contidos. Noticiaram as regras, ponto.
Já o "Jornal Nacional" só foi falar de pré-sal após longa introdução do novo cenário, da "mesa novinha". E da "maior estrela", segundo William Bonner: "Agora o globo gira, porque a Terra gira". Daí para a escalada, "tá na hora de começar":
"Anunciadas as propostas do governo para exploração de petróleo abaixo da camada de sal. A decisão sobre dinheiro destinado aos Estados fica para depois".
ELA TAMBÉM
Dilma Rousseff não comandou o espetáculo, mas teve seus momentos na cobertura. No fim do dia, foi manchete na Folha Online e no G1, dizendo que os recursos "vão afastar a pobreza do país" e trazer "casa, comida e saúde". No "JN", surgiu incisiva.
E TEM MAIS
Ao longo do dia, submanchete no UOL, "Salário mínimo deve ir a R$ 507 em 2010", anunciou o governo.
ATRASADOS
Enquanto o ministro Edison Lobão garantia na Agência Brasil que "todos os Estados serão beneficiados", sites e portais seguiam os passos dos governadores Sérgio Cabral e José Serra.
Os dois foram à cerimônia, postou o Terra, mas chegaram "atrasados", perdendo a abertura, postou a Folha Online. Depois, no G1, "Cabral se diz satisfeito, Serra pede debate". No "JN", Serra surgiu no final, calmo, ponderado.
PRÉ-SAL & POLUIÇÃO
A imagem do dia, on-line e nos telejornais, veio com o ato do Greenpeace, invadindo a cerimônia e posando, diante de Lula, com a faixa "Pré-sal e poluição, não dá para falar de um sem falar do outro". No Twitter, especulou-se sobre a opinião de Marina Silva
INDEPENDENCE DAY
Foi a notícia de maior eco sobre o Brasil, pelo mundo. A "Forbes", que dias antes destacava a "apreensão" das companhias americanas, postou que "Brasil revela os controles sobre as descobertas de petróleo". O "Wall Street Journal" noticiou "mudança na política" e, em primeira reação, questionou o "Independence Day" de Lula, dizendo que pode afastar as estrangeiras. Observou porém que o "Big Oil" já está acostumado a regras assim. Também o "New York Times" sublinhou que a "gigante brasileira é beneficiada em prejuízo das rivais estrangeiras". Também MarketWatch, Bloomberg etc.
Em outra direção, o "Guardian" ressaltou que Lula "busca erradicar pobreza com os bilhões do petróleo".
AINDA A TV DIGITAL
Nos primeiros posts do Blog do Planalto, revelados ontem depois de tantas idas e vindas, nada de pré-sal. Focavam a defesa por Lula de projeto comum dos países da Amazônia para o clima. E o acordo com a Argentina, para a TV digital
CHINA CAI, BRASIL CAI
Nas manchetes pelo mundo, destaque para o tombo na Bolsa de Xangai, que levou à queda das commodities e se juntou ao pré-sal para derrubar a Petrobras. A baixa na Bovespa foi reportagem à parte no "WSJ" e no "Financial Times", dada como "uma das vítimas" emergentes, pelas relações comerciais com a China.
"BRASIL VENCE A GUERRA"
Também em destaque ontem no "WSJ", "Organização Mundial do Comércio permite que Brasil multe os EUA". "WSJ" e "FT" sublinharam a reação formal americana, que preferiu apontar a redução no valor de retaliação que havia sido pedido pelo Brasil.
Em tom inusual, o "JN" deu na escalada após o pré-sal, "Brasil vence a guerra contra Estados Unidos na OMC".
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