Aprovação popular
O Estado de S. Paulo - 23/09/2009 |
Nada menos que 81% da população entende que o governo Lula é ótimo ou bom. E 80% concordam que 2009 é um ano bom ou muito bom para sua vida. A primeira observação que se pode fazer é que os números refletem o que já se sabia: a economia brasileira atravessou a crise sem avarias graves. É verdade que a indústria sofreu e teve de ser socorrida. Mas os demais setores, especialmente o comércio, atravessaram a turbulência com cintos atados, porém sem prejuízos relevantes. Este foi o primeiro teste importante de resistência que a economia enfrentou com sucesso depois do Plano Real. Esse bom desempenho não foi construído apenas nos últimos oito anos. A rigor, começou em 1994, durante o governo Itamar, foi reforçado na administração Fernando Henrique e mantido durante o período Lula. Segunda observação, boa parte da percepção de que este ano não foi tão ruim, especialmente para o emprego, tem a ver com a forte disparada das despesas públicas, que acionaram o consumo e apontam para forte deterioração das finanças da União. Cerca de 1,5% do PIB em novos gastos públicos correspondeu a renúncias fiscais (isenção de impostos, estímulos à construção civil, etc.). São despesas temporárias e serão revertidas a partir de 2010. A outra parte tem a ver com o aumento dos salários dos funcionários do governo, contratados antes do início da crise, e das aposentadorias, que estão sendo pagos apesar da mudança da paisagem econômica e pressionam as finanças públicas. Trata-se de um aumento de gastos permanente que só poderá ser enfrentado com aumento da arrecadação. Não dá para negar que houve falha na captação de receitas. A crise por que passou o sistema arrecadatório da União mostrou que o governo errou ao permitir que os principais postos da Receita fossem exercidos por técnicos cuja prioridade foi garantir a ocupação de repartições por companheiros de corporação da então secretária Lina Vieira. Baseado na expectativa de que a economia cresça perto de 1% ainda neste ano e outros 4% em 2010, o ministro Guido Mantega assegura que não haverá prejuízo para a formação do superávit primário (de 2,5%) neste ano. Ele aposta em que a arrecadação reaja a ponto de suplantar os aumentos de gastos. Mas, diante da determinação do governo de obter bons resultados nas próximas eleições, o que exigirá mais aumento de despesas, pouca gente acredita nisso, especialmente se a candidata do governo à sucessão não reagir nas pesquisas. Em todo o caso, a gastança federal vai rendendo pontos de aprovação ao governo Lula.
Isso muda alguma coisa a favor do Brasil porque investidores mais exigentes devem agora se interessar por títulos brasileiros sem medo de calote. Mas é difícil avaliar o quanto isso muda tudo. As análises dessas empresas estão sob suspeita na medida em que a crise mostrou suas graves falhas. Elas distribuíram certificados AAA a títulos que depois foram classificados como lixo tóxico ou ativos podres. |
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