A Moody"s concedeu ao Brasil grau de investimento. Em termos gerais e leigos disse aos estrangeiros que podem investir aqui porque o risco é baixo. Só agora ela "descobriu" o que os investidores já sabiam. Há meses eles saíram de outros mercados de risco e estão vindo para o Brasil.Com Moody"s ou sem Moody"s, mesmo em abril e maio, em pleno furor da crise mundial, duas outrass agências importantes - Standard & Poor"s e a Fitch - já haviam afirmado que, ao contrário de outros países, poderiam confiar no Brasil porque o risco era baixo.
Sei que alguns fundos ainda esperavam esse sinal da Moody"s, mas mesmo sem eles, estávamos captando mais recursos do que mesmo queríamos. Eles estão entrando na bolsa, no mercado financeiro, em investimentos diretos e agora em captações de empresas nacionais no exterior. Só aqui, mais de US$ 12 bilhões até agora. Nas últimas semanas, ao lançar títulos no exterior, estão recebendo oferta, às vezes, até o dobro que pretendiam captar a taxas pré-crise!
Como assinalou ontem o Estado, ao ouvir analistas do mercado financeiro, "além de chegar tarde, a decisão da Moody"s terá pouco efeito pratico".
O RISCO DA ESTATIZAÇÃO
Há risco sim. O governo, para ser mais preciso, o presidente e sua candidata à sucessão, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, estão atribuindo esse êxito à intervenção do Estado na economia. A crise está se tornando um pretexto para voltar aos tempos antigos das estatizações que prejudicaram tanto a economia brasileira.
O Brasil saiu da recessão por causa da ação do Estado, sim, mas se ele quiser intervir em outros setores produtivos, como está dando sinais, será um atraso imperdoável. A economia brasileira já é por demais "estatizada", com a carga tributária de 38%. Depois da crise, o Estado precisa recuar o seu papel.
O presidente e a ministra exageram quando transformam a crise financeira internacional em pretexto para a estatização e para uma intervenção muito maior do Estado na economia.
A crise foi provocada nos Estados Unidos pela onda especulativa, facilitada pela escassa regulação dos mercados financeiros e pela fiscalização ineficiente por parte do Tesouro e do banco central. Ela contaminou de forma arrasadora os mercados mundiais levando consigo a economia real que ainda resistia e, exatamente agora, está resistindo bem. O controle foi ineficiente em vários outros grandes países.
AQUI NÃO
Isso não ocorreu no Brasil, onde todos os segmentos do mercado financeiro são sujeitos à supervisão das autoridades há muitos anos e tem um banco central atento e atuante.
Além disso, as chamadas normas de Basileia, definidas em acordos sacramentados pelo Banco de Compensações Internacionais (também conhecido pela sigla BIS), foram adotadas mais amplamente no Brasil do que em muitos grandes mercados, incluído o americano.
Os padrões brasileiros de segurança foram, portanto, muito mais eficientes que aqueles adotados na maior parte dos outros países. Esses padrões impediram a formação de bolhas no setor imobiliário e em outros setores especulativos. Não houve crise imobiliária, onda de hipotecadas vencidas, despejos em massa ou falências que pusessem em risco o sistema.
No caso do Brasil, não há, portanto, razão para maior intervenção do Estado como forma de prevenção de crises financeiras.
É verdade que iniciada a crise, tornou-se necessária a intervenção do poder público para limitar a quebradeira no setor financeiro, para conter os estragos em outros setores e, finalmente, para estimular a reativação da economia.
Houve grandes intervenções nos Estados Unidos e na Europa e até estatização temporária de bancos. O governo americano interveio com grande injeção de capital na General Motors para impedir a falência de uma empresa que já foi a maior fabricante mundial de carros. Mas todas essas medidas foram tomadas em caráter temporário.
Os governos , e atentem, muito menos o brasileiro, não estão preparados para fabricar automóveis ou aço, e administrar grandes instituições financeiras e empresas do setor produtivo.
Vejam, isso é verdadeiro mesmo no caso da Rússia, que agora anuncia um gigantesco movimento de privatizações - sim, a Rússia! -, e de outros países egressos do socialismo.
Além do mais, os governos não estão inclinados a correr o risco de substituir o capital privado onde este pode funcionar e tem funcionado com eficiência durante a maior parte do tempo - como já foi comprovado. Regular e intervir em momentos de dificuldade são ações mais adequadas aos poderes públicos. Europeus e americanos sabem muito bem disso.
ESTA CRISE JÁ "FOI" ANTES
No Brasil, no entanto, a crise tem servido de pretexto para discursos a favor da estatização e da centralização das decisões econômicas. Crises típicas do capitalismo ocorreram muitas vezes e voltarão a ocorrer. Nem por isso o mundo, o sistema capitalista, para o qual não se descobriu até agora alternativa viáveis, com todos os seus defeitos, deixou de criar riquezas com muito mais eficiência que qualquer outro.
A estatização e a centralização, ao contrário das crises, produzem danos permanentes. É este o risco que se corre no Brasil.
Estatizar mais a economia brasileira só porque houve recessão, é um atraso e um risco que se vislumbra agora. |
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