FOLHA DE SÃO PAULO - 01/08/09
RIO DE JANEIRO - Certa vez, já sexagenário, Rubem Braga lembrou um ditado que ouvia desde sua infância, segundo o qual ou o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabava com o Brasil. "Isso já foi há muito tempo", disse Rubem. "Desde então, o Brasil não acabou com a saúva, nem a saúva acabou com o Brasil". E arrematou: "O pessoal é muito afobado".
Algo parecido em termos de afobação pode ter acometido, em 2004, duas autoridades da música popular: o historiador José Ramos Tinhorão e o compositor Chico Buarque. Em ocasiões diferentes naquele ano, eles decretaram o fim da canção. Por canção entenda-se uma peça musical curta, com melodia, harmonia, ritmo e letra finamente elaborados, a ser cantada por uma pessoa para um grupo de outras, que se sentiriam "representadas" nela.
Para o desolado Tinhorão, a canção estava morta porque não havia mais quem a produzisse. Para Chico, também entristecido, ainda havia gente tentando produzi-la, ele inclusive, mas quase ninguém mais para ouvir. E tudo indicava que eles tinham razão. Exceto que...
Em várias ocasiões, de 1955 para cá, a música acústica pareceu ter morrido eletrocutada pelo rock -e, quando isso mais parecia verdade, nos anos 80, eis que o acústico renasceu e talvez seja hoje, de novo, até majoritário. Idem, o samba -dado como defunto durante décadas, ressurgiu nos anos 90 e retomou seu posto de ritmo dominante no Brasil. Em música popular, nada é definitivo. A tecnologia não deixa.
Com o fim dos álbuns e o advento do MP-3, o mercado voltou a ser como no tempo dos 78s, pré-1950: compra-se uma música de cada vez. Algo me diz que, inevitavelmente, o consumidor desta música começará a exigir qualidade pelo que estará pagando. E isso pode ser a deixa para a milagrosa volta da canção.
RIO DE JANEIRO - Certa vez, já sexagenário, Rubem Braga lembrou um ditado que ouvia desde sua infância, segundo o qual ou o Brasil acabava com a saúva ou a saúva acabava com o Brasil. "Isso já foi há muito tempo", disse Rubem. "Desde então, o Brasil não acabou com a saúva, nem a saúva acabou com o Brasil". E arrematou: "O pessoal é muito afobado".
Algo parecido em termos de afobação pode ter acometido, em 2004, duas autoridades da música popular: o historiador José Ramos Tinhorão e o compositor Chico Buarque. Em ocasiões diferentes naquele ano, eles decretaram o fim da canção. Por canção entenda-se uma peça musical curta, com melodia, harmonia, ritmo e letra finamente elaborados, a ser cantada por uma pessoa para um grupo de outras, que se sentiriam "representadas" nela.
Para o desolado Tinhorão, a canção estava morta porque não havia mais quem a produzisse. Para Chico, também entristecido, ainda havia gente tentando produzi-la, ele inclusive, mas quase ninguém mais para ouvir. E tudo indicava que eles tinham razão. Exceto que...
Em várias ocasiões, de 1955 para cá, a música acústica pareceu ter morrido eletrocutada pelo rock -e, quando isso mais parecia verdade, nos anos 80, eis que o acústico renasceu e talvez seja hoje, de novo, até majoritário. Idem, o samba -dado como defunto durante décadas, ressurgiu nos anos 90 e retomou seu posto de ritmo dominante no Brasil. Em música popular, nada é definitivo. A tecnologia não deixa.
Com o fim dos álbuns e o advento do MP-3, o mercado voltou a ser como no tempo dos 78s, pré-1950: compra-se uma música de cada vez. Algo me diz que, inevitavelmente, o consumidor desta música começará a exigir qualidade pelo que estará pagando. E isso pode ser a deixa para a milagrosa volta da canção.
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